domingo, 8 de novembro de 2009

Ilha da Guiné-Bissau aposta em turismo ecológico e rústico




Bissau, 8 nov (Lusa) - Quére, no arquipélago dos Bijagós, na Guiné-Bissau, poderia ser a ilha de Peter Pan, congelada no tempo, mas "pertence" a Laurent Durris, um francês que se sente melhor na África do que na Europa.

Foi atrás desse sentimento que este empresário do segmento hoteleiro foi a Guiné-Bissau, há 14 anos, e começou a explorar um país sem oferta turística. Inicialmente, esteve em Bissau e, em seguida, passou por Bubaque, outra ilha dos Bijagós.

Só mais tarde ele encontrou o arquipélago de Quére, situado perto da ilha da Caravela e a duas horas de barco de Biombo, cerca de 40 quilômetros de Bissau.

A ilha de Quére é pouco maior que um campo de futebol e não tem água ou eletricidade, mas é dona de um verde exuberante e de uma praia onde é possível nadar entre cardumes dos mais variados tipos de peixe.

O francês se apaixonou à primeira vista, mas o amor só foi consumado dois anos depois, quando Durris recebeu permissão das autoridades locais para ocupar o terreno.

"Primeiro, eles não aceitaram, mas deram-me autorização para acampar sempre que quisesse, com outras pessoas. Depois, passados dois anos, disseram-me que podia ocupar a ilha", explicou à Agência Lusa.

Uma decisão que, segundo Durris, teve relação com um parto que fez.

"Ajudei uma nativa a dar à luz e, depois disso, recebi autorização", afirmou. Em expressão local, ele conseguiu "Sintá na Tchom", que significa algo como “pode ocupar a terra”.

Para o empresário, o fato de ajudar os habitantes locais é determinante para ter essa autorização ainda hoje.

"Hoje ajudo sempre os locais nas questões de saúde. Levo-os de barco a Bissau e pago sempre as despesas médicas", explicou.

Turismo ecológico seis meses por ano

Só depois da autorização das autoridades tradicionais o francês iniciou os trâmites necessários para a exploração hoteleira.

Segundo Durris, foi na base desta relação de "confiança e de respeito" com os habitantes das ilhas em torno de Quére que começou a construir os quartos – dez - para receber turistas, um balneário, uma cozinha e uma sala de jantar.

O "empreendimento" fica aberto seis meses por ano.

Os principais turistas em Quére são pescadores esportivos e ambientalistas.

Ao ser perguntado sobre como os interessados podem fazer para investir na Guiné-Bissau, o empresário destacou a importância de fazer tudo de "forma legal".

"Ter um bom comportamento com as pessoas, porque se as respeitarmos, não temos problemas”, reforçou Durris.

Outro aviso que o empresário deu tem a ver com a necessidade de conhecer a lei tradicional do país.

"Há a lei de Estado, mas é muito importante respeitar a lei tradicional para aceitarem nossa integração”, explicou.

Em Quére, vivem com Laurent sua mulher e sua filha e os funcionários do pequeno hotel, todos contratados nos arquipélagos vizinhos.

O empresário passa o dia gerenciando o negócio, o que envolve tarefas como buscar água doce na ilha em frente ou pescar para garantir as refeições servidas no restaurante, onde só se come peixe.

Sempre que quiserem, os clientes podem participar nestas tarefas, nos intervalos de um jogo de ping pong ou de dardos, de uma volta de caiaque ao redor da ilha ou de um mergulho nas águas mornas.

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