quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Autoridades exigem entrega de almirante


A justiça guineense quer julgar Bubu Na Tchuto, o antigo chefe da marinha, acusado de tentativa de golpe de Estado, que se refugiou na sede das Nações Unidas em Bissau

O governo da Guiné-Bissau enviou uma mensagem ao secretário-geral das Nações Unidas a pedir a entrega imediata do almirante Bubu Na Tchuto à justiça guineense ou o seu reenvio para a Gâmbia. O militar chegou clandestinamente à Guiné, na segunda-feira, numa piroga, e refugiou-se na sede das Nações Unidas em Bissau. Antigo chefe da marinha guineense,o almirante é acusado de ter chefiado a tentativa de golpe de Estado contra o então presidente Nino Vieira, em Agosto de 2008. Nino sobreviveu ao ataque nocturno à sua casa e Na Tchuto fugiu para a Gâmbia, onde esteve exilado até esta semana. O militar é também acusado de ligações ao narcotráfico.
O regresso de Bubu Na Tchuto causou medo em Bissau. O procurador-geral, Amine Saad, e o chefe do Estado-maior, Zamora Induta (que era sub-chefe da marinha antes das perturbações de Março) estiveram hoje na sede da ONU para contactarem os funcionários que substituiram o representante Joseph Mutaboba, ausente do país.
Segundo a Lusa, que cita fontes não identificadas, Bubu recusa-se a regressar à Gâmbia. As autoridades dizem que a situação é calma. No entanto, muitas pessoas temem que o regresso do almirante, que tem aliados nos meios militares, represente o retorno da instabilidade.
A 2 de Março deste ano, o assassínio à bomba do chefe de Estado-maior, general Tagmé Na Waie, gerou uma reacção imediata de alguns militares, que assassinaram poucas horas depois o presidente Nino Vieira. Seguiram-se seis meses de alta ansiedade, com perseguições e espancamentos. Em alguns dos ajustes de contas pairava a sombra do almirante que fugira para o exílio.
Bubu Na Tchuto foi uma das figuras centrais da rebelião da Junta Militar, em 1998. Foi também um dos primeiros balantas a juntar-se aos combates contra o governo. O então presidente Nino Vieira acabou por ser derrubado, partiu para o exílio em Portugal, mas os militares nunca conseguiram estabilizar o seu poder. Em 2005, Nino Vieira, que regressara pouco antes, foi eleito presidente.
A situação interna da Guiné-Bissau estabilizou após as recentes eleições presidenciais, que Malan Bacai Sanhá venceu, mas muitos observadores temiam alguma acção de Bubu Na Tchuto e dos militares que não concordam com o actual poder civil.

Sem comentários:

Enviar um comentário