terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Governo cabo-verdiano vai legalizar imigrantes guineenses no primeiro trimestre de 2010

Cidade da Praia - O governo de Cabo Verde vai organizar o processo de legalização dos estimados 8000 a 10 000 guineenses residentes no arquipélago no primeiro trimestre de 2010, altura em que está confirmada a visita oficial à Guiné-Bissau do primeiro-ministro cabo-verdiano, noticia hoje, segunda-feira, a LUSA.

A confirmação das duas iniciativas foi feita hoje pelo secretário de Estado das Comunidades guineense, Fernando Dias, no final de um encontro com o chefe do executivo cabo-verdiano, José Maria Neves, a quem entregou numa carta do primeiro-ministro da Guiné-Bissau, Carlos Gomes Júnior.

"Cabo Verde, disse-me agora o primeiro-ministro cabo-verdiano, vai proceder à legalização dos cidadãos guineenses residentes no país nos primeiros três meses de 2010", disse Fernando Dias, que sublinhou a intenção do governo guineense de aproximar os cidadãos emigrados ao seu país de origem.

Em relação à carta entregue a José Maria Neves, o governante guineense disse que, nela, foi reiterado o convite para o primeiro-ministro cabo-verdiano se deslocar a Bissau nesse período, o que foi aceite.

Segundo Fernando Dias, em breve, uma delegação oficial cabo-verdiana irá a Bissau para preparar a visita, em que "se prevê que sejam assinados diversos acordos de cooperação e comerciais em vários domínios", tal como tinha ficado definido durante a deslocação de Carlos Gomes Júnior à Cidade a Praia, em Abril deste ano.

Na ocasião, Carlos Gomes Júnior convidou os empresários cabo-verdianos a deslocarem-se a Bissau para, juntamente com os operadores privados locais, identificarem as oportunidades de negócios que poderão ser desenvolvidos conjuntamente pelo sector privado dos dois países.

Carlos Gomes Júnior, que efectuou então a sua terceira visita oficial a Cabo Verde como primeiro-ministro -- as duas anteriores ocorreram em 2004 e 2005 -, afirmou que existem diversas áreas em que poderão ser intensificadas as relações comerciais entre os dois países, nomeadamente no turismo, indústria e comércio.

Sobre a visita oficial a Cabo Verde, o chefe do executivo guineense fez um balanço positivo, afirmando que a Guiné-Bissau vai reforçar a cooperação para aproveitar a experiência cabo-verdiana em diversos domínios.

Também na mesma ocasião, José Maria Neves sublinhou terem sido criadas as condições para "mudar tudo" nas relações bilaterais, nomeadamente nos transportes aéreos e marítimos, pescas, turismo, educação e formação profissional, da possibilidade de estudantes guineenses se formarem em Cabo Verde e do apoio ao processo de reforma dos sectores da Defesa e Segurança.

Indagado na altura pela Agência Lusa, José Maria Neves recusou a ideia de que a Guiné-Bissau e Cabo Verde estejam de "costas voltadas" desde 1980, quando se deu a ruptura na unidade no ideal de um país dois povos defendido por Amílcar Cabral, "pai" das independências de ambos os Estados.

Carlos Gomes Júnior lidera o Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), enquanto José Maria Neves está à frente do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV), criado na sequência da ruptura política entre os dois países quando, a 14 de Novembro de 1980, João Bernardo "Nino" Vieira liderou um golpe de Estado que depôs o regime de Luís Cabral, meio-irmão de Amílcar Cabral.

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