quarta-feira, 14 de abril de 2010

Oficiais guineenses detidos em Mansoa em "condições infra-humanas"

A Liga Guineense dos Direitos Humanos (LGDH) disse hoje que a sua maior batalha é a “libertação incondicional” do chefe do Estado-Maior das Forças Armadas e do chefe da contra-inteligência militar, “que se encontram em condições infra-humanas”.

Este último, coronel Samba Djaló, preso numa casa de banho do “estabelecimento prisional” de Mansoa, a 60 quilómetros de Bissau, “sofreu coronhadas na cabeça” e apresenta igualmente ferimentos nas pernas.

Djaló e o chefe do Estado-Maior, almirante Zamora Induta, foram conduzidos para o aquartelamento daquela localidade dois dias depois de detidos, a 1 de Abril, pelas tropas que se rebelaram. Lá continuam, sem que para isso tivesse havido qualquer decisão judicial. Apenas o querer dos amotinados, liderados pelo vice-chefe do Estado-Maior, major-general António Indjai.

Induta “quando vai à casa-de-banho só deita sangue”. Foi visitado por um médico que lhe prometeu medicamentos, mas eles nunca apareceram, disse a LGDH, segundo a qual o almirante, que foi nomeado no ano passado para substituir na chefia do Estado-Maior o assassinado general Tagma Na Waie, não está autorizado a receber a visita da família.

Ainda segundo um relatório daquela instituição humanitária, que com ele só conseguiu falar na presença dos militares seus carcereiros, Zamora Induta por pouco não foi morto no trajecto entre a base aérea de Bissalanca, onde primeiro esteve detido, e o quartel de Mansoa, considerado um reduto do sublevado Indjai. Alguns dos militares que o escoltavam teriam dado indícios de ser esse o seu desejo.

Quando chegou já de noite ao aquartelamento agora a funcionar como “estabelecimento prisional”, o almirante Induta passou algumas horas sem ter sequer um cobertor ou um colchão, coisas que só mais tarde lhe foram facultadas.

Até hoje, nem o Presidente Malam Bacai Sanhá nem o Governo de Carlos Gomes Júnior conseguiram fazer fosse o que fosse para libertar os dois oficiais detidos há 12 dias, numa acção em que Indjai contou com a colaboração do contra-almirante Bubo Na Tchuto, que foi buscar à representação das Nações Unidas na Guiné-Bissau, onde se encontrava refugiado.

Entretanto, Bubo Na Tchuto foi indiciado pela Administração norte-americana como uma das personalidades guineenses profundamente ligadas ao narcotráfico que passa pela África Ocidental e que parece condicionar toda a evolução do país durante os últimos anos.

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