quinta-feira, 27 de maio de 2010

Induta alvo «instrumental» para queda de Carlos Gomes Júnior


Amine Saad tem até agora mantido oficialmente uma postura de total sigilo sobre as investigações em curso. No entanto, fontes da Procuradoria-Geral revelaram ao Luanda Digital que o Procurador-Geral da República, tem activamente procurado divulgar em meios de comunicação social os documentos relativos ao processo de acusação a Zamora Induta.

Nestes, Zamora Induta é apenas um alvo «instrumental». O objectivo último será o provocar da queda do Primeiro-Ministro Carlos Gomes Júnior. A divulgação pública do processo visaria o descrédito do Primeiro-Ministro sem necessidade de o processo judicial efectivamente avançar.

Em Bissau, os rumores que sobre a tentativa de implicação do Primeiro-Ministro nos assassinatos de «Nino» Vieira, Baciro Dabó e Hélder Proença começam a ganhar forma. Na base estarão somente declarações recolhidas no âmbito do processo a Zamora Induta e Samba Djaló, junto de militares que alegadamente teriam participado nos acontecimentos de 2009. No processo, e de acordo com fontes ligadas à Procuradoria-Geral, estes indícios processuais não estarão sustentados em quaisquer provas materiais da real implicação de Carlos Gomes Júnior como autor moral dos assassinatos.

Amine Saad, prosseguindo uma estratégia de divulgação pública, não terá intenção de levar até à fase de julgamento estes processos. Da audição a Zamora Induta poderão sair um rol de acusações às mais altas figuras da nação, nomeadamente ao homem mais temido do país, António Indjai, líder das movimentações militares de 1 de Abril. Os resultados de uma eventual divulgação deste processo poderiam ter como consequência o afundar da Guiné-Bissau num irreversível estado de instabilidade, com riscos até de guerra civil.

A estratégia que parece ter sido montada por elementos da Presidência da República e por Amine Saad e parece obedecer a dois objectivos bem claros. Em primeiro lugar, implicar o actual Primeiro-Ministro nos assassinatos de 2009 e forçar a sua audição pela Justiça Guineense, a reboque da culpabilização de Zamora Induta. Em segundo, criar condições para que se possa usar o argumento judicial para exonerar Carlos Gomes Júnior e proceder à nomeação de alguém no interior do PAIGC.

No PAIGC, dada a forte ligação pessoal e política entre Amine Saad e Malam Bacai Sanha, insinua-se que a acção do Procurador «está a ser feita com conhecimento presidencial». A intenção é jogar com o tempo e o cansaço da Comunidade Internacional para fazer avançar a sua estratégia em total segurança, ocultando a sua «mão invisível» nas recentes manobras políticas na Guiné-Bissau. Afastado Carlos Gomes Júnior, cumprir-se-ia o segundo objectivo que conduziu às movimentações de 01 de Abril, deixando via aberta para a nomeação de António Indjai como CEMGFA guineense e para o restabelecimento na Guiné-Bissau dos interesses que tornaram o país numa placa giratória do narcotráfico mundial.

Rodrigo Nunes

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