sábado, 15 de maio de 2010

Bubo Na Tchuto está a minar apoio da Comunidade Internacional


Bissau - Envergando a farda de gala, Bubo Na Tchuto voluntariamente apresentou-se perante o tribunal militar para responder pela acusação de tentativa de golpe de Estado. Saiu orgulhosamente, sem prestar declarações, e quase em tom de desafio, deixou no ar que não terá de ser admitido na Armada guineense, por nunca ter sido exonerado.

A justiça guineense tenta por em dia os processos atrasados e Bubo será certamente um desses casos. Acusado de tentativa de golpe de Estado, de que terá sido o mentor, a sua implicação ficou demonstrada no relatório da Comissão de Inquérito Militar, criada para o efeito, e recentemente divulgado. De acordo com este mesmo documento, António Indjai, actual comandante «de facto» das Forças Armadas constituiu-se como uma das testemunhas fulcrais para a conclusão do processo. A ideia de criar um Governo Militar por um período de 10 anos caiu por terra perante a falta de apoios no seio militar.

A situação de Bubo Na Tchuto é no mínimo caricata, regressado de um exílio na Gâmbia, passeia-se livremente, desafiando as ordens do próprio Presidente que, segundo fontes próximas, lhe terá ordenado que permanecesse no seu domicílio. Judicialmente, desconhece-se a aplicação de qualquer medida de coacção, mas perante o conjunto de acusações que grassam em redor do ex-CEMA é no mínimo estranho que a sua liberdade de circulação não seja restringida.

Esperando que os danos que possa causar não se repercutam na vida política nacional, através da repetição dos actos de que é acusado, Bubo é temido… mas será que existe fundamento para tal? Porque que razão o homem que no passado o acusou de tentar subverter a ordem constitucional, hoje, enquanto vice-CEMGFA, permite que um concorrente ao cargo e ao domínio do tráfico na Guiné, se pavoneie pelas ruas de Bissau como herói nacional.

Decerto que não serão inócuas as acusações de envolvimento do narcotráfico, proferidas em alta voz pela Embaixadora dos EUA na sua recente visita a Bissau. A Guiné precisa de provas…mas, o que andou a polícia a fazer todos estes anos? Há evidências e testemunhos que não podem ser apagados, designadamente as manifestações de riqueza e as recordações da rede montada em conluio com os colombianos nos Bijagós, usando para o efeito os bens e homens afectos à marinha.

É esta aparente impunidade mina os sinais positivos que podem promover o apoio da Comunidade Internacional à Guiné-Bissau.

Rodrigo Nunes

(c) PNN Portuguese News Network

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