segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Líderes políticos contra a força de protecção de titulares de órgãos de soberania

Bissau - Líderes de diversos partidos da oposição da Guiné-Bissau manifestaram-se contra a ideia da Comunidade Económica para o Desenvolvimento dos Estados da África do Oeste (CEDEAO) de formar uma força de elite para a protecção dos titulares de órgãos de soberania, perguntando se os outros políticos também não merecem as mesmas preocupações. 

Num comunicado final hoje (segunda-feira) distribuído à imprensa, a comissão dos chefes das forças armadas da CEDEAO, que esteve reunida em Bissau entre quarta e quinta-feira passadas, anuncia a possibilidade de formar um corpo de elite para a protecção a principais figuras do Estado guineense. 

"Se vão proteger o Presidente da república, o Primeiro-ministro, o presidente do Supremo Tribunal, porque estão preocupados com a sua segurança e nós, os outros, políticos deste país, também não merecemos as mesmas preocupações" questionou o líder do Partido Social Democrata da Guiné-Bissau. 

António Samba Baldé diz não estar contra a ideia da estabilização da Guiné-Bissau, mas avisa que qualquer diligência nesse sentido terá que ter em conta todos os cidadãos guineenses e sobretudo os políticos. 

"Quem me garante que, se um dia disser algo que não agrade aos militares, não serei espancado, por não ter a tal protecção", perguntou Samba Baldé, para quem os esforços da CEDEAO deviam ser canalizados na disponibilização de fundos financeiros para o programa de reforma do setor de Defesa e Segurança.

Por seu turno, o líder do Partido dos Trabalhadores (PT) da Guiné-Bissau, Aregado Mantenque afirmou que a CEDEAO "dá sinais de apenas se preocupar com uns e deixar de lado os outros" responsáveis guineenses. 

"Será que um ministro, um secretário de Estado, um deputado ou um líder da oposição não é cidadão", afirmou Aregado Mantenque, candidato que ficou no quinto lugar nas últimas eleições presidenciais numa lista de 13 concorrentes. 

António Samba Baldé diz ainda que a possibilidade da vinda de uma missão de estabilização ao país tem demonstrado "uma certa contradição e falta de trabalho de casa" entre o Presidente, Malam Bacai Sanhá, o Primeiro-ministro, Carlos Gomes Júnior, e o chefe do estado-maior das Forças Armadas, general António Indjai. 

"Cada um diz uma coisa que é o contrário do que diz o outro. Parece-me que há uma certa contradição de posições e falta de trabalho de casa nesse aspeto", defendeu Samba Baldé. 

Silvestre Alves, líder do Movimento Democrático Guineense (MDG) e Ibraima Sory Djaló, presidente interino do Partido da Renovação Social (PRS) também estão contra a vinda de uma missão de estabilização a Guiné-Bissau.

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