sábado, 25 de dezembro de 2010

Governo angolano denuncia campanha difamatória ante crise na Côte d'Ivoire

Bandeira de Angola

Declaração

Luanda - O Governo angolano denuncia com veemência a campanha difamatória posta a circular segundo o qual teriam sido pretensamente localizados mercenários ou soldados angolanos na Côte d'Ivoire, lê-se numa declaração sobre a crise neste país oeste africano, divulgada hoje, sexta-feira, em Luanda.

A propósito, considera que estas falsas notícias se inscrevem na habitual estratégia de interferência externa nos assuntos do continente, visando denegrir os seus líderes e instituições e manipular uma vez mais a opinião pública para justificar a inevitabilidade da guerra.

No documento, o Executivo angolano ressalta que continua a acompanhar, com grande preocupação, o desenvolvimento da crise pós-eleitoral na Côte d'Ivoire que corre o risco de  desembocar num conflito de consequências imprevisíveis, susceptíveis de pôr em causa a estabilidade na África Ocidental.

Salienta o facto de ser uma região, de si já frágil, com processos de estabilização em curso em vários países onde os sistemas democráticos são recentes, depois de longas guerras que marcaram trágicamente a sub-região, nomeadamente na Libéria, Serra Leoa, Guiné Conacry, Guiné-Bissau e Níger.

Na declaração, sublinha que essa preocupação torna-se maior quando se avizinham novos processos eleitorais que podem vir a ser afectados pela situação na Côte d'Ivoire e assim criarem-se novas tragédias no continente.

Refere que o Executivo Angolano constata com muita apreensão o facto de todas as medidas tomadas até aqui, pela comunidade internacional, estarem a empurrar a Côte d'Ivoire irremediavelmente para a guerra.

A propósito, aponta que a celeridade com que este processo degenerativo está a decorrer é apenas um indício das graves anomalias e dos factores que antes, durante e depois das eleições contribuíram e contínuam a afectar negativamente a situação crítica prevalecente no país.

Acrescenta ser "estranho que no prazo de cinco dias tenham sido tomadas internacionalmente as medidas radicais e extremas que conhecemos, sem que, em primeiro lugar, todas as reclamações do próprio pleito eleitoral tenham sido atendidas e devidamente aferidas, de modo a não apenas se apurar o vencedor de forma inequívoca, mas também dissuadir qualquer contestação e, em segundo lugar, sem que tenham sido minimanente utilizadas as vias de resolução pacífica do diferendo, através do diálogo e negociação, conforme as normas universalmente aceites nestes casos".

Depois de revelar que têm chegado ao Executivo Angolano contactos de diversas entidades e países no sentido do seu envolvimento numa eventual mediação, com vista a busca de solução para a crise na Côte d'Ivoire, reafirma ser favorável "a uma solução pacífica e negociada do conflito ivoriense".

Lamenta, por outro lado, que neste momento potências externas ao continente estejam a instar outros países africanos da sub-região a precipitarem a guerra como forma de solução de um problema que, no entender das entidades governamentais angolanas, pôde e deve ser resolvido pacificamente.

"É entendimento do Governo angolano que a crise na Côte d'Ivoire se trata de um assunto africano pelo que cabe aos africanos tomarem a liderança no seu tratamento. Assim, a União Africana deve assumir a responsabilidade desta liderança para evitar que o presente conflito resvale irreversívelmente para uma catástrofe humana, utilizando todos os investimentos a sua disposição", conclui.

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