domingo, 6 de fevereiro de 2011

Mutilação Genital Feminina: Projeto aposta na reconversão profissional das excisadoras na Guiné-Bissau

Lisboa, Portugal 06/02/2011 06:23 (LUSA)
Temas: Justiça e direitos, Saúde, Ajuda externa, Sociedade

Lisboa, 06 fev (Lusa) – Reconverter profissionalmente as excisadoras e fazer campanhas de sensibilização sobre a mutilação genital feminina (MGF) são os dois objetivos do Projeto Djinopi, que começou em maio de 2010 na Guiné-Bissau.

Em declarações à agência Lusa a propósito do Dia Internacional da Tolerância Zero à MGF, que hoje se assinala, Paula da Costa, consultora externa do projeto – financiado pela cooperação alemã – explicou que a novidade do Djinopi (abreviatura de Djintis Nô Pintcha, que em crioulo quer dizer ‘Vamos em frente!’) é agrupar cinco organizações que combatem a MGF na Guiné-Bissau: René-Renté, Al-Ansar, Rede Ajuda, Okanto e Sinin Mira.

Estas organizações continuam a desenvolver as suas atividades no terreno (até porque atuam em zonas do país distintas), mas respondem agora a um chapéu comum criado pelo Djinopi, que tem financiamento assegurado por dois anos, explicou a consultora portuguesa.

A abordagem do Djinopi assenta em dois pilares – a reconversão profissional das excisadoras (que na Guiné se chamam fanatecas, um grupo profissional que goza de um estatuto social e cultural elevado) e campanhas de sensibilização específicas para cada público alvo: meninas e mulheres; pais; imãs religiosos; fanatecas; autoridades tradicionais; profissionais de saúde, professores, políticos e jornalistas. O Projeto tem uma campanha de amigos no Facebook e um blogue http://contramgf.blogspot.com.

O anterior projeto em que Paula da Costa participou como consultora na Guiné-Bissau apostava num fanado alternativo, que consistia em manter esta cerimónia de iniciação que inclui uma série de ritos, mas retirar do seu conjunto o corte dos órgãos genitais das meninas na puberdade. Porém, o projeto deixou de ser financiado e tinha “falhas”, nomeadamente no que respeita ao seguimento das meninas não mutiladas, para evitar que o fossem no futuro.

Mais de 130 milhões de mulheres já foram mutiladas no mundo e três milhões correm o risco de o serem anualmente, segundo a Organização Mundial de Saúde. Já o Conselho da Europa estima que vivam na Europa 500 mil mulheres mutiladas e estejam em risco 180 mil todos os anos.

A Amnistia Internacional tem na sua página na Internet uma petição online com cinco reivindicações, que já foi assinada por quase 26 mil pessoas.

Reunir dados sobre a prevalência e risco da MGF nos países da União Europeia; formar os serviços de saúde – que têm “falta de conhecimento e de linhas de orientação” – para atender estes casos; prevenir, nomeadamente criando mecanismos para lidar com a violência contra mulheres e crianças; conceder proteção internacional às mulheres que escaparem dos seus países em fuga a uma MGF e promover o diálogo político entre a União Europeia e os países onde a MGF é praticada são as cinco exigências da petição.

SBR.

Lusa/fim.

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