segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Dia da Independência da Guiné Bissau celebrado na Moita-Portugal

Dia da Independência da Guiné Bissau celebrado na Moita<br>
Amílcar Cabral nasceu em Bafatá na Guiné Portuguesa   . Miterrand evitou extradição de Amílcar Cabral

A Associação de Imigrantes Guineenses e Amigos a Sul do Tejo, promoveu uma sessão evocativa do Dia da Independência da Guiné- Bissau, no decorrer da qual foi apresentado o livro «Amílcar Cabral – Vida e Morte de um revolucionário Africano», de Julião Soares Sousa.
Amílcar Cabral “deu um dos maiores contributos ao Direito Politico Internacional” quando proclamou a independência da Guiné – Bissau, sublinhou o jurista José Luis Hopher.

A Associação de Imigrantes Guineenses e Amigos a Sul do Tejo, promoveu no Pólo do Vale da Amoreira da Biblioteca Municipal da Moita, uma sessão evocativa do Dia da Independência da Guiné- Bissau, no decorrer da qual foi apresentado o livro «Amílcar Cabral – Vida e Morte de um revolucionário Africano», de Julião Soares Sousa, obra que contribui para pôr fim à polémica sobre o sitio de nascimento de Amílcar Cabral.


A sessão contou com a presença de José Luis Hopher, jurista, Eduardo Monteiro, presidente da direcção da Associação de Imigrantes Guineenses e Amigos a Sul do Tejo, e, também do 1º Secretário da Embaixada da Guiné Bissau.


Amílcar Cabral nasceu na Guiné


Julião Soares Sousa, autor da obra apresentada, recordou as divergências que existem em sectores intelectuais da Guiné Bissau sobre os local de origem do nascimento de Amílcar Cabral.


Recordou que chegou a circular uma informação acerca de uma “certidão forjada” sobre o nascimento, que Julião Soares Sousa, sublinhou “é um absurdo”.


Nesta sua obra, esclareceu, é colocado ponto final nessa polémica, pois, aqui, está divulgada a Certidão de Baptismo de Amílcar Cabral, que foi realizado na Cidade da Praia.


Na Certidão, sublinhou, pode ler-se claramente que em 24 de Dezembro de 1929, foi baptizado na Igreja Paroquial da Srª da Graça, o menino Amílcar Cabral, nascido em Bafatá, na Guiné Portuguesa.


Crioulo linguagem que estabeleceu a unidade entre a Guiné e Cabo Verde Julião Soares Sousa, recordou as influências a mãe de Amílcar Cabral na sua formação, e, salientou que o revolucionário africano – “não seguiu a influência do pai do ponto de vista politico”.


Na sua intervenção, comentou, igualmente, diversos aspectos sobre a fundação do PAIGC, que remonta ao ano de 1957, por influência de estudantes africanos que estudavam em Paris.


Salientou, no entanto, que ao nível da investigação – “não há consenso sobre a fundação do PAIGC”, porque há dúvidas sobre a sua fundação “informal” ou “formal”.


Por outro lado, sublinhou que ao longo da história do PAIGC, está clarificado que existiram processos de “cisões internas”.


Julião Soares Sousa, referiu que em todo o processo prevaleceu a unidade geográfica, histórica e linguística, salientando a importância do “crioulo” como linguagem que estabeleceu a “unidade entre a Guiné e Cabo Verde”.


Inovação do direito politico internacional


José Luis Hopher, jurista, salientou o contributo jurídico e teórico de Amílcar Cabral ao nível da «concepção da independência», inovando o direito politico internacional, ao declarar que “a Guiné Bissau não era uma colónia, era sim um país ocupado no seu território por uma potência estrangeira”.


“Amílcar Cabral legitimou a independência” – sublinhou, e, desta forma “deu um dos maiores contributos ao Direito Politico Internacional”.


José Luis Hopher salientou que, mesmo nos dias de hoje, ainda há países que procuram fundamentar o seu direito à independência com base nas concepções apontadas por Amílcar Cabral, referindo como exemplo a Palestina.


Miterrand evitou extradição de Amílcar Cabral


Um jovem no debate interrogou, como conseguia Amílcar Cabral viajar pelo mundo sendo constantemente vigiado pela PIDE, e, esta perguntou motivou a referência a diversos episódios e a ser recordada a sua prisão em Paris, no ano de 1958, donde, não foi extraditado para Portugal, devido à influência de políticos dos países do Norte de África e também de Miterrand.


Guiné é pertença de todos os que querem ser Guineenses
No decorrer do debate, a propósito da polémica sobre as origens de Amílcar Cabral, foi recordado que este facto, ao longo dos anos, foi usado em campanhas de calúnias, ao ponto de acusarem o revolucionário africano de receber “dinheiro de Salazar” e ter “casado com uma sobrinha de Salazar”.


Julião Soares Sousa, salientou que a polémica sobre o nascimento, na sua opinião, já está esclarecida na sua obra, mas, referiu que tem pouca importância saber se um individuo nasceu neste ou naquele sitio, o importante é saber que esse individuo se afirma como um homem que quer “ser Guineense”.


“A Guiné é pertença de todos os que querem ser Guineenses” – sublinhou.

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