segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Aristides Pereira: Guiné-Bissau distingue ex-Presidente com a Medalha Amílcar Cabral


A Guiné-Bissau atribuiu ao primeiro Presidente cabo-verdiano, Aristides Pereira, a título póstumo, a Medalha de Ouro Amílcar Cabral, a mais alta condecoração do Estado guineense.

A medalha foi entregue terça-feira à tarde à família de Aristides Pereira, falecido há cerca de uma semana em Portugal, pelo chefe de Estado guineense, Malam Bacai Sanhá, que esteve presente na Cidade da Praia nas cerimónias fúnebres oficiais de Aristides Pereira, à frente de uma vasta delegação.


Em declarações aos jornalistas, Bacai Sanhá, que privou com Aristides Pereira desde o início da luta armada contra o regime colonial português (1963/74), disse estar "muito triste" com o desaparecimento físico do antigo líder do então Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC).


"É muito difícil despedir-me. Cria consternação, cria tristeza. Mas deixa a certeza de que saberemos ter coragem para continuar a obra que deixou", afirmou Bacai Sanhá, visivelmente emocionado.
"Lembro-me de muitos momentos, sobretudo na altura da morte de Amílcar Cabral (Janeiro de 1973), quando muita gente não acreditava que Aristides Pereira seria capaz de tomar conta do partido. E tomou", concluiu o chefe de Estado guineense, que se escusou a comentar se Amílcar Cabral teria "brilhado" sem a ajuda de Aristides Pereira.


Henrique Rosa, ex-presidente interino da Guiné-Bissau (2003/2005), também presente na cerimónia, defendeu, em declarações à Agência Lusa, que se não fosse Aristides Pereira a tomar as rédeas da luta de libertação do jugo colonial português, "seria difícil" alcançar as metas a que o PAIGC se propunha.


"Após o assassinato de Amílcar Cabral, não fosse estar à frente do partido, do PAIGC, um homem com a determinação, coragem, humildade, diálogo, com uma capacidade muito grande de juntar as pessoas, teria sido muito difícil a continuação da luta de libertação para ter as consequências que teve", sustentou.


"Naqueles momentos, que foram muito conturbados, havia que, de facto, ter uma presença e uma grandeza e um reconhecimento de todos para que se conseguisse acalmar os ânimos naqueles tempos, que estavam muito conturbados", acrescentou.


Sobre a morte de Aristides Pereira, o antigo chefe de Estado interino guineense considerou-a "indesejável".


"Se há certezas na vida, a morte é uma delas. Esta é daquelas certezas indesejáveis, porque, todos nós, embora saibamos que mais tarde ou mais cedo terá de acontecer, nunca a aceitamos. Mas ficam os exemplos de um homem que foi muito humilde, muito discreto, que por detrás daquela fragilidade que apresentava encerrava dentro muita coragem e muita determinação", concluiu.

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