terça-feira, 13 de março de 2012

Presidenciais na recta final

Dados apresentados pela Comissão Nacional de Eleições indicam que vão ser abertas em Bissau várias centenas de mesas de voto

Fotografia: Rogério Tuti

Os candidatos à Presidência da República na Guiné-Bissau entraram ontem na fase crucial da campanha eleitoral para o escrutínio do dia 18, do qual sai o sucessor de Malam Bacai Sanhá, que faleceu no ano passado em Paris, França.


A primeira semana de campanha, que decorreu sem incidentes, ficou marcada pela digressão que os principais candidatos, senão todos, efectuaram ao interior do país para a mobilização do eleitorado.


Desde ontem, todas as atenções estão viradas para Bissau, a capital do país e principal praça eleitoral. Dados divulgados pela Comissão Nacional de Eleições (CNE) indicam que na Região Autónoma de Bissau vão ser abertas 528 mesas de voto para um universo de 161.881 eleitores.


Em Bissau o clima é de bastante movimentação, com passeatas, convívios e encontros entre os candidatos e os seus apoiantes, mantendo até agora uma conduta dentro das normas que regem o processo eleitoral. A campanha eleitoral está a ser dominado por três protagonistas. São eles Carlos Gomes Júnior,  “Cadogo Jr”, que aos 62 anos deixou a chefia do governo e é o candidato do partido no poder (PAIGC), Henrique Rosa, Koumba Yalá e Serifo Nahamadjo.
Na recta final da campanha, tudo indica que Cadogo Jr é o único candidato em ascensão e que pode ficar na história das eleições democráticas presidenciais ao ser o primeiro Presidente da República a ser eleito à primeira volta. Com um discurso cauteloso e polido, Cadogo Jr sublinha que os guineenses merecem um presidente que conhece os seus problemas e que está à altura de resolvê-los. Se for eleito presidente, afirmou, vai criar as condições necessárias para que todas as instituições do Estado funcionem em harmonia, para o desenvolvimento do país, e abrir um novo ciclo para cumprir o programa maior do partido para que o país alcance a paz e estabilidade.


Em sentido contrário, a oposição apresenta várias  críticas. Desde logo a polémica à volta da candidatura de Cadogo Jr ao pleito, afirmando que é inconstitucional pelo facto de um primeiro-ministro não poder ser demitido por um Presidente interino, nem por poder acumular os cargos de primeiro-ministro e Presidente.


A governação de Cadogo Jr tem sido alvo de críticas da oposição, que desvaloriza os progressos registados no país nos últimos anos, como as obras de construção e ­reabilitação de edifícios públicos.  Com argumentos pouco convincentes, os candidatos da oposição prometem “mudanças”, desvalorizando tudo o que foi feito pelo actual governo. A Guiné-Bissau enfrenta o dilema de um escrutínio  decisivo para a sua história, marcada por uma vida política instável e ameaça permanente de golpes de Estado. Nas eleições presidenciais do dia 18, a União Europeia, um dos principais financiadores do processo, tem um número reduzido de observadores, ao contrário da eleição realizada em 2009.

O presidente da Comissão Nacional de Eleições, Desejado Lima da Costa, lamenta a situação, porque “é uma observação que nos dava cobertura em todo o espaço territorial”, mas admite que “vamos ter uma boa observação”. Os observadores  internacionais  na Guiné-Bissau compreende as missões da União Africana, da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) e de parlamentares do Reino Unido. São esperados mais de cem observadores.


Trabalho pedagógico


Na Guiné-Bissau é grande a expectativa à volta das presidenciais antecipadas. À pergunta se depois das eleições a Guiné-Bissau fica um país preparado para seguir o caminho da estabilidade, progresso e justiça social, Desejado Lima da Costa respondeu: “acho que isso vai depender muito dos partidos políticos. É difícil fazer agora um prognóstico”.


Desejado Lima da Costa diz que a CNE deve fazer um “trabalho pedagógico de fundo”. Na sua óptica, a Guiné-Bissau tem dois percursos a fazer: “primeiro, um caminho de esperança e felicidade, que resulta se nós fizermos as melhores eleições, porque vamos fortificar as instituições democráticas e a nossa democracia ganha mais maturidade. Obviamente que o país e a comunidade internacional vão criar condições para o investimento estrangeiro e relançar a economia para a sua sustentabilidade.


O outro caminho leva-nos à instabilidade e à crispação política”. Desejado da Costa não tem dúvidas: “tudo isso depende dos partidos políticos, os agentes do processo têm uma opção e escolha clara”.


No dia 18 são esperados 600 mil pessoas nas urnas para exercerem o direito de voto.

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