Antes de participar numa reunião no Conselho de Segurança, líder guineense falou das expectativas e avisou que irá processar os responsáveis civis e militares pelo golpe de 12 de Abril.
Carlos Gomes Júnior
Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.
O primeiro-ministro da Guiné-Bissau, Carlos Gomes Júnior, deposto no golpe militar de 12 de Abril, falou à Rádio ONU que irá processar os responsáveis pela intentona.
Nesta entrevista exclusiva, em Nova Iorque, onde está para uma reunião no Conselho de Segurança, Gomes Júnior indicou que o facto de o país ser "carente e pequeno" justifica a insistência junto da comunidade internacional para repor a ordem. E avisou: ainda é o chefe de Governo.
Poder
"Considero-me primeiro-ministro legítimo da República da Guiné-Bissau porque fui eleito. O poder conquista-se na urna. O poder não se conquista na Secretaria. Ai de África, se continua a seguir este exemplo que a Cedeao quer nos impôr que nós não aceitaremos."
Na altura em que foi detido, na sequência do golpe militar além de chefiar o governo guineense, Gomes Júnior era o primeiro colocado para a segunda volta das presidenciais.
Após a intentona, a ONU apelou à estrita observância dos princípios democráticos na Guiné-Bissau, tendo exigido que os militares retornassem aos quartéis.
Sanções
Em meados de Maio, uma resolução do Conselho de Segurança impediu um grupo de chefias militares liderado pelo chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, António Indjai, de sair do país.
Carlos Gomes Júnior contou à Rádio que vai exigir responsabilidades, após ter sido detido juntamente com o presidente interino, Raimundo Pereira e outras figuras políticas guineenses.
Estado de Direito
"Assim que as coisas se assentarem, naturalmente que vou constituir um coletivo de advogados para exigir responsabilidades. Responsabilidades pela forma como a nossa família foi tratada e como os nossos bens foram saqueados, dilapidados…não se é normal que num Estado de Direito possa passar-se uma situação como estas."
Gomes Júnior contou que após a invasão dos militares até mesmo o cão da família foi morto.
Relativamente à sua intervenção nas Nações Unidas, a Rádio ONU perguntou que papel considerava que podia desempenhar em Nova Iorque.
Militares
"Isto de facto é grave. É grave e nós vamos encorajar a comunidade internacional. Só sancionar os militares não é a solução. Tem que se sancionar os civis que encorajaram este golpe de Estado. Pensamos que a Cedeao deve refletir no que pretende. Não pode estar acima das Nações Unidas."
O Conselho de Segurança pediu, igualmente, que os autores do golpe se abstenham de qualquer envolvimento na política e que respeitem as autoridades civis guineenses.
A ONU acompanha o processo de resolução da crise na Guiné'Bissau através do representante especial do Secretário-Geral para a África Ocidental, Said Djinnit.
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