segunda-feira, 9 de julho de 2012

Ausência de atletas nos jogos da CPLP com duas versões em Bissau

Bissau, (Lusa) - A Guiné-Bissau estará definitivamente ausente dos oitavos jogos da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), por falta de dinheiro, segundo o governo de transição, e por "má vontade política", segundo as federações desportivas.

Contactado pela Agência Lusa, o ministro da Presidência do Conselho de Ministros e porta-voz do governo de transição, Fernando Vaz, disse que perante a falta de condições financeiras o Governo pediu apoio, por duas vezes, à embaixada do Brasil e que este lhe foi negado.

Noutros jogos, acrescentou, tem sido o Brasil ou Angola a darem "boleia" aos atletas guineenses. Perante essa recusa, referiu Fernando Vaz, o Governo decidiu enviar a secretária de Estado dos Desportos a Portugal para "ver como ultrapassar a situação", mas o visto foi-lhe recusado pela embaixada de Portugal em Bissau.

"Face a estes bloqueios não tínhamos lamentavelmente outra solução. Com os nossos meios não era possível, temos de ser rigorosos com a gestão do dinheiro", disse.

Outra visão tem no entanto o presidente do Fórum das Federações Desportivas, Eugénio Lopes, que também contactado pela Lusa disse haver "má vontade política" do Governo de transição.

Eugénio Lopes, também presidente da Federação de Andebol, disse que as federações contactaram o Presidente de transição, Serifo Nhamadjo, e que este "fez todas as diligências" para que fosse possível a participação guineense.

"A não ida da delegação é porque a embaixada de Portugal não concedeu visto à secretária de Estado da Juventude, Cultura e Desportos", disse o responsável, acrescentando: "Nós não vamos aos jogos mas não é por uma questão financeira, é por má vontade política".

As federações já tinham pedido os vistos nos serviços consulares da embaixada de Portugal na Guiné-Bissau, que foram dados, e procuraram apoios junto de Serifo Nhamadjo. A embaixada de Portugal concedeu os vistos, isentos de emolumentos.

Segundo Fernando Vaz não há qualquer "má vontade política, porque se houvesse nem haveria diligências junto da embaixada do Brasil, dizia-se pura e simplesmente que não".

"Perante a recusa do Brasil, perante a recusa do visto, ficámos bloqueados e dissemos aos jovens ´este ano não temos possibilidades´. Não podemos inventar dinheiro", disse o ministro à Lusa, lamentando "a grande frustração dos jovens, que andaram um ano a treinar para os jogos". "Entendo que estejam revoltados", acrescentou.

Para Eugénio Lopes, Portugal não pode ser acusado de "má vontade". "Não há falta de vontade, se assim fosse não nos tinham convidado", disse à Lusa, acrescentando que os serviços consulares concederam os vistos a todos os atletas. "Podíamos ir busca-los hoje", frisou.

Questionada pela Agência Lusa, fonte da embaixada de Portugal na Guiné-Bissau lamentou "a eventual não participação guineense nos jogos", disse que a embaixada estava pronta para isentar de emolumentos e conceder os vistos, acrescentando depois, sobre o visto para a secretária de Estado: "Não comentamos casos individuais".

Os oitavos jogos da CPLP realizam-se de 07 a 15 em Mafra, Portugal.

Um golpe de Estado na Guiné-Bissau ocorreu a 12 de abril, na véspera do início da segunda volta da campanha eleitoral para as eleições presidenciais.

Um governo de transição, negociado entre o grupo de militares responsáveis pelo golpe (autointitulado Comando Militar) e a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), foi nomeado e deverá promover a realização de eleições no prazo de um ano.

No entanto, as autoridades de transição não são reconhecidas por Portugal e os outros membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa e restante comunidade internacional.

FP.

Lusa

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