segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Greve dos professores da Guiné-Bissau dura há um mês, sem fim à vista

Bissau, 15 out (Lusa) - Os professores do ensino público da Guiné-Bissau estão em greve há cerca de um mês e o conflito com o Governo está sem fim à vista por falta de negociações.

"Quanto a nós está tudo na mesma, porque o Governo não se dignou em chamar os sindicatos para negociar. Portanto a greve continua na mesma e enquanto o Governo continuar em silêncio e não negociar com os sindicatos, os sindicatos continuam com a mesma força a sua luta", disse hoje à Lusa o presidente do Sindicato Nacional dos Professores, Luís Nancassa.

As aulas do ensino público da Guiné-Bissau deveriam ter começado a 17 de setembro e nesse dia o Governo de transição procedeu à abertura solene do ano letivo. Mas quatro dias antes os sindicatos dos professores já tinham entregado um pré-aviso de greve, para começar a 17 de setembro e terminar a 07 de dezembro.

No último mês Governo e sindicatos reuniram-se duas vezes, uma a 17 e outra a 19 de setembro, disse Luís Nancassa à Lusa, explicando que essas reuniões de nada serviram porque foram com pessoas "sem poder de decisão e que não levaram nada para a mesa negocial".

Desde então não houve qualquer outro contacto com o Governo, disse, acrescentando que a greve tem uma adesão de 100 por cento.

Luís Nancassa disse ainda à Lusa que os sindicatos estão a ser acusados de, com a greve, "estarem a fazer política" mas acrescentou: "A nossa política é para defender todo o pessoal", de qualquer partido, "que não está a receber o que é de seu direito".

De acordo com o sindicalista, quem está a fazer "má política" é o Governo. "Paguem aos professores para que eles possam dar aulas, para que possam servir o país. Apesar de o salário de um professor ser mísero ele precisa dele para poder viver. E é isso que o Governo não está a fazer", disse.

O Governo de transição, acrescentou Luís Nancassa, pagou os salários de abril e maio "aos próprios militares que fizeram o golpe de Estado (de 12 de abril), a outros funcionários de outros setores públicos, mas não pagou aos professores, alegando que não trabalharam nesses meses. E quem é que trabalhou nos meses de abril e maio na Guiné-Bissau?", questionou.

Luís Nancassa responsabilizou ainda o governo pela possibilidade de este ser mais um ano perdido para o ensino público da Guiné-Bissau. A principal exigência dos professores é o pagamento de quatro meses de salários em atraso dos professores contratados, reintegrados e novos ingressos, e 18 meses de salários em atraso dos professores efetivos.

A aposta no Ensino, segundo Luís Nancassa, é a única forma de acabar com "a política de corrupção, de nepotismo, de amiguismo e de tribalismo e de outros males que grassam na função pública e no país".

FP // HB

Lusa

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