quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Um avião do Ministério das Situações de Emergência russo chegou à Guiné-Conacri com ajuda humanitária.

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Segundo informa o Departamento de Informação do Ministério russo, a aeronave IL-76 com carga humanitária a bordo aterrissou no aeroporto de Conacri.

De acordo com o decreto do governo russo,  36,5 toneladas de alimentos – conservas de carne, açúcar e arroz – foram entregues à população do países da África Ocidental.

Peritos discutem situação da mulher na Guiné Bissau

Da Redação, com Rádio ONU

Políticos, pesquisadores e representantes da sociedade civil concluem, em Bissau, um plano de ação para melhorar a qualidade de vida das mulheres vítimas de violência.

Bissau - Políticos, pesquisadores e representantes da sociedade civil concluem nesta quarta-feira (27), em Bissau, um plano de ação para melhorar a qualidade de vida das mulheres vítimas de violência.

Com o evento de dois dias, que deve envolver 30 participantes, a Organização da ONU para Educação, Ciência e Cultura, Unesco, pretende validar resultados de estudos sobre o movimento social e violência contra a mulher realizados na Guiné-Bisssau.

De acordo com a agência, duas pesquisas foram lançadas em 2011, no âmbito de um projeto que também envolveu a ONU Mulheres e o Conselho para o Desenvolvimento de Pesquisas da África Ocidental, Codesria.

O trabalho, que teve o apoio de organizações da sociedade civil que atuam na questão deve servir de base para levar o projeto à Gâmbia e ao Senegal.

Os estudos de caso, realizados na Guiné-Bissau, devem conduzir à elaboração de um "documento político", a ser oficialmente transmitido às autoridades nacionais no final do encontro. O objetivo é contribuir para o fim da violência de género, através do reforço das capacidades e competências a nível nacional.

Segundo a Unesco, pretende-se "acelerar, monitorizar e orientar a mudança social, com vista a estabelecer uma igualdade real entre homens e mulheres". Ao mesmo tempo, o projeto prevê promover a liderança feminina nas áreas socioeconómica, política e cultural.

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

A arte de viver da arte na Guiné-Bissau

Carlos Barros, 65 anos, é um caso raro na Guiné-Bissau, vivendo da cultura num dos países mais pobres do mundo, ainda que tenha de vender pelo correio os quadros que pinta. Em Janeiro abre uma escola de artes.

No quintal de uma casa de traça colonial, fresca por natureza, tem telas meio pintadas e quadros prontos, feitos ao som de inspirações momentâneas, silêncios e barulhos de crianças a brincar, do mar e do quotidiano guineense.

"Eu gosto da Guiné. Vivi fora muito tempo mas gosto disto e de conviver com as pessoas. Isso ajuda-me a continuar a debater-me na arte", diz à Lusa, ainda que admita que não é fácil e que ainda se tenha tornado pior depois do golpe de Estado de 12 de Abril, que fez sair do país muitos estrangeiros, afinal praticamente os únicos clientes para os seus quadros.

Ter vivido fora ajuda-o hoje. "Como tenho conhecimentos vou dialogando e torna-se mais fácil. Com as amizades tento entrar em contacto com outras pessoas que conheço fora, através de email ou do Facebook, e aí consigo fazer encomendas e ir trabalhando e encontrando um mercado que me vai dando um jeito para aguentar".

O "segredo" de Carlos Barros, CarBar, como assina os seus quadros, acaba por ser a internet. É através dela que busca compradores, porque até os poucos que tinha lhe fugiram com o golpe de Estado, que também lhe levou a inspiração. "Às vezes não há motivação com todas essas tormentas", assegura.

Ainda assim mantém a capacidade de acordar a meio da noite e ir directamente para as telas, ou correr para elas de repente, deixando a meio uma conversa com amigos em qualquer canto de Bissau. E depois às vezes saem quadros que prefere vender a amigos, porque assim não lhes perde o rasto.

Carlos Barros faz acrílicos, aguarelas e óleos. E gosta de pintura com movimento, do quotidiano guineense. Em Janeiro quer recomeçar um projecto que já teve, o de uma oficina de pintura e de escultura, que ele também já foi escultor. E fez tecelagem. E fez batiques.

E porque sabe que é difícil viver da arte, e para ela, sabe também que não pode cobrar muito a jovens guineenses que queiram ser pintores. Como também não pode cobrar por um quadro que venda a um guineense o mesmo que a um estrangeiro. Até ao golpe de Estado era o primeiro-ministro deposto, Carlos Gomes Júnior, um dos poucos compradores da terra.

"O nacional não se debruça muito sobre isto. Também são mais carenciados. Em Portugal vendo um quadro por 300 ou 400 euros, aqui nem pensar", diz o homem de cujas mãos saem por mês, quatro ou cinco quadros. Se a inspiração o ajudar, se o calor não apertar, se as tintas que lhe chegam por encomenda de Portugal ou da Holanda também não lhe falharem.

"Na Guiné é difícil ser-se pintor, os que havia emigraram", diz, acrescentando que o povo guineense, em termos culturais "é mais para a música e a dança. E acabou". Não ele, que sempre teve apetência, embora a sua formação académica seja a arquitectura, um curso que tirou em Minsk, na ex-União Soviética.

Em Bissau, nos anos 80, chefiou a Direção Geral de Artesanato, para onde voltou em 2004. De 2006 até hoje é pintor a tempo inteiro, com passagem de um ano por Portugal por questões de saúde, onde de resto expôs, como também participou em exposições em Espanha, França, Canada e Rússia, Senegal, Burkina Faso e Togo.

Tem sorte Carlos Barros, que é conhecido externamente e tem alguns contactos. "A partir daí vai-se organizando e tentando criar uma estabilidade".

Mas para os mais jovens "é muito difícil" e por isso tem ajudado muitos e está "a lançar outros". Porque pode. Porque CarBar já é um nome conhecido e porque é dos poucos, se calhar o único, a viver de arte na Guiné-Bissau. Da pintura mais exactamente. O boné preto, que usa descaído para um lado, não engana.

Fonte: Jornal SOL (Portugal)

ONU alerta para necessidade de programa de protecção de testemunhas

Bissau - A Comunidade Internacional, e nomeadamente a ONU, está a apoiar a Guiné-Bissau no sentido de se criar um programa de proteção de testemunhas, para através dele se concluírem processos relativos a crimes ocorridos no país. 

De acordo com Antero Lopes, do gabinete das Nações Unidas em Bissau (UNIOGBIS), "se estiverem criadas as condições para que as testemunhas não tenham medo de exercer os seus direitos e deveres, a produção de prova far-se-á de acordo com o que está prescrito na lei e os processos poderão ser concluídos".

Antero Lopes falava hoje (terça-feira)  em Bissau após o início do II Fórum Nacional sobre Justiça Criminal (o primeiro foi em Novembro do ano passado), organizado pelo UNIOGBIS e pelo Supremo Tribunal de Justiça, e que junta na capital
guineense magistrados, investigadores, advogados e académicos. 

Para o responsável, o processo de justiça na Guiné-Bissau e o sentimento geral de que há total impunidade tem "uma lacuna evidente", que é a da "dificuldade na preservação dos meios de prova", pelo que um programa de proteção de testemunhas poderia ajudar na conclusão de processos em investigação. 

O sentimento de impunidade é generalizado na Guiné-Bissau, um país onde ciclicamente ocorrem crimes sem que os infractores sejam punidos. Nos últimos anos têm sido assassinadas figuras públicas, e outras espancadas, mas até hoje ninguém foi levado à justiça. 

Questionado sobre para que servem tantas reuniões e discussões sobre impunidade, se nada mudou até agora, o vice-presidente do Supremo Tribunal de Justiça, Paulo Sanhá, disse aos jornalistas que os tribunais não podem fazer nada quando os processos estão em investigação. 

"Há uma cadeia de órgãos que intervêm para que a justiça seja feita, desde a Polícia ao Ministério Público. Os tribunais só recebem o processo acusado. Os processos que chegam ao tribunal na maioria já estão a ser julgados ou estão agendados", observou, acrescentando: "A impunidade não depende dos tribunais". 

Antero Lopes reconheceu que existe essa impunidade mas considerou que tem "havido passos" no sentido de a resolver. 

Hoje há uma participação mais activa "dos actores militares e penso que é um sinal positivo, de aproximação, de trabalhar em conjunto para ajudar a combater as questões que dão azo a uma perceção generalizada de impunidade", disse. 

"Há dificuldades no processo de justiça" mas reuniões como a de hoje servem para sensibilizar os "atores do sistema de justiça criminal, que estão de facto empenhados em fazer justiça", mas sensibilizar também "as estruturas políticas", disse, acrescentando: "O que eu vejo é congregação de esforços que não tínhamos, vejo abertura das estruturas militares em vir debater os problemas da impunidade com os colegas civis". 

Menos otimista, Francilino Nhaga, padre de Bissau, disse na reunião que vê na Guiné-Bissau uma sensação generalizada de que "a punição é rara", de que há uma "displicência na pena" e de que a justiça não funciona. 

"Não há um condutor neste país que atropele alguém e que fique para socorrer" (por ter medo de ser morto), disse, para concluir que "o sistema judicial é posto em causa pela sua falta de credibilidade e ausência de poder". 

A Guiné-Bissau, disse também, é um país "onde a polícia solta um detido após receber um telefonema de 50 segundos e onde "muitos juízes não escondem a sua filiação partidária". 

E a impunidade, advertiu, leva os criminosos a reincidirem nos crimes porque "têm a certeza absoluta de que ficarão impunes", sendo também "a maior geradora de medo" e de corrupção.

Guiné-Bissau trágica

Fonte: Blogue Ditadura do Consenso

- Estão confirmadas execuções extra-judiciais, atribuídas a um esquadrão criado no Estado-Maior General das Forças Armadas.
- Exemplos dessas execuções num número de quatro, talvez cinco jovens entre os 27 e os 30 anos, cujos corpos terão sido devolvidos pelo mar na região de Bolama esta semana, e recolhidos pela população.


- Tratar-se-á de um grupo de pessoas que terão sido assassinadas na altura em que militares foram a Bolama capturar (ou recolher?) o Capitão Pansau Intchama, já identificados como Ama Du Baldé, Ensa Dabo, Carlos, Baba (29 de outubro) eEdgar (30 de outubro).
- Os mortos na noite de 21 de outubro foram já identificados, não sendo na sua maior parte militares e sendo Felupes, do Norte do país e não Casamansenses.


- Estão identificados como Ussumane Djata (militar do regimento de para-comandos), João Mendes (presidente da Associação de Felupes em Bissau e professor no Liceu Agostinho Neto), Morel Djata (vigilante de uma empresa de segurança privada), Cucano Manga (taxista), Ananias Djata (militar no Tribunal Militar Supremo) e Inussa (não há mais informações sobre este último).


- É referido também o desaparecimento de oficiais de etnia felupe.
- É referida como crescente uma fractura entre os próprios balantas (os que estão à frente deste processo serão os do norte do país, com fidelidade ao Kumba Yalá).


- Estas informações, recolhidas pelo ditadura do consenso, falam de uma crescente etnização do conflito com divisões dentro dos próprios balantas.


- Após os “exemplos” dos dois dirigentes políticos espancados, Iancuba Indjai e Silvestre Alves, aumentaram nesta semana as intimidações, com ameaças por parte de militares a alguns responsáveis políticos, membros da sociedade civil, jornalistas nacionais e estrangeiros e comentadores de rádios, criando um clima de medo, estancando a investigação jornalística ou a publicação, emissão ou mesmo a saída de informação do país.


- O anúncio de conferência de imprensa por parte do Capitão Pansau Inchama e o seu posterior cancelamento faz surgir interrogações sobre se não havia sido assim planeado desde o seu anúncio, de forma a pôr a circular a “notícia” da existência de uma ”lista de envolvidos”, que iria ser denunciada, com nomes de nacionais e estrangeiros, civis e militares.


- Mesmo que não estivesse prevista a divulgação de tal lista, o efeito pretendido seria o de criar medo generalizado, conhecida como é a técnica de elaboração de listas desde há muitos anos, que dão origem a boatos incontroláveis e denúncias oportunistas.
- É referida a montagem recente, pelo Irão, de um sistema de escuta sofisticado e que levou várias pessoas a pedir para que não sejam feitos contactos telefónicos. Não é possível até agora confirmar esta informação, mas o actual Presidente interino esteve no Irão recentemente e foram feitas declarações públicas de apoios no valor de 18 milhões de dólares.


- Em face desta situação, é-nos referida a necessidade de iniciativas a nível internacional, já que a partir de lá serão muito perigosas, com vista ao envio de uma força multinacional de estabilização e protecção dos cidadãos, face à evidente incapacidade ou falta de interesse por parte da CEDEAO em as garantir, o que passa por pressionar as Nações Unidas a assumir a direcção do processo.


- Ter em conta que o único interlocutor no terreno é a CEDEAO, que é a única ligação do actual poder com o exterior, pelo que devem ser usadas diversas formas de pressão sobre a CEDEAO para de imediato assumir responsabilidades de protecção.


- Criar uma comissão de inquérito internacional aos acontecimentos.

- Propor publicamente a criação de um tribunal Ad Hoc ou a abertura de um processo no TPI, como forma de estancar os assassinatos e pôr fim à impunidade institucionalizada, por forma a que a actual situação de ameaças não se prolongue. AAS

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Militares da operação Mali estacionados na Base Aérea de Bissalanca

Bissau - O grupo de militares guineenses que vão participar na missão da Comunidade de Estados de Desenvolvimento da Africa Ocidental (CEDEAO), com vista à operação Mali, encontram-se estacionados numa das casernas da Base Aérea de Bissalanca, nos arredores de Bissau.

A constatação foi feita, junto do grupo que tem como um dos objetivos a familiarização da real situação militar que os membros vão encontrar no terreno, bem como a sensibilização sobre a missão de um efetivo militar, numa frente de combate contra inimigo.


Mais de uma centena de efetivos militares guineenses vão ser dirigidos pelo Estado-Maior General das Forças Armadas de República do Senegal, sob a observação, à distância, do seu congénere da Guiné-Bissau.

Abordado por alguns jornalistas, um dos destacados para esta missão, que solicitou o anonimato, disse estar consciente da realidade que os militares vão viver no terreno e das consequências de um mandato desta natureza.


«Esta é a nossa missão, somos obrigados a cumpri-la enquanto militares», referiu a fonte.


A data da partida dos efectivos guineenses para se juntarem aos militares senegaleses ainda não foi indicada, estando a aguardar as orientações dos Chefes de Estado da CEDEAO e do bloco regional que decidiu enviar mais de três mil tropas para o norte de Mali, que está divido há seis meses pelo grupo armado neste país de África.

Guiné-Bissau regista aumento dos acidentes rodoviários

Bissau - O Comissário Nacional Adjunto para Recursos Humanos e Formações revelou que os casos de acidentes rodoviários no país têm vindo aumentar a uma velocidade impressionante.

Salvador Soares falou na cerimónia de enceramento do curso de formação destinado aos agentes do Grupo Nacional de Trânsito, durante o passado fim-de-semana, 24 e 25 de Novembro.


O Comissário Nacional Adjunto disse que os acidentes rodoviários devem ser combatidos: «Nos últimos tempos assistimos a um crescimento impressionante de acidentes rodoviários e a polícia obriga-se a acompanhar o seu ritmo para combater esse mal que a cada dia tira vidas humanas nas estradas», referiu Salvador Soares.


O responsável disse acreditar na capacidade do Grupo Nacional de Trânsito, desde que bem preparado e equipado, para vir a ser um corpo policial de referência num futuro próximo.


A questão da honestidade, dedicação laboral, moral e ética foram, de entre outras exigência, aspectos que este responsável deixou aos seus agentes.


«Não é admissível que um polícia seja comprometido por meios não legais durante o cumprimento da sua missão», advertiu o Comissário Nacional Adjunto para Recursos Humanos e Formações.


Esta acção de capacitação foi organizada pelo Gabinete das Nações Unidas para Consolidação da Paz na Guiné-Bissau (UNIOGBIS), no âmbito da cooperação técnico-policial.

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

OPINIÂO : CEDEAO em plenas Manobras de Invasão

 

by pasmalu

A CEDEAO, nova potência colonizadora da Guiné-Bissau, prepara-se para acelerar o processo de "transição" que está a ter cada vez mais resistências populares da sociedade civil e da comunidade internacional.

Está a programar uma nova incursão militar punitiva daquilo a que ela chama de "focos de resistência militar e civil".

Prevêem chegar de repente ao país e pôr na ordem todos os que, dentro das forças armadas (e cada vez há mais), estão descontentes com as asneiradas do Indjai-Kumba, este último agora promovido a Chefe-de-Estado Maior Adjunto, encarregue de elaborar as listas das pessoas a abater. Lembre-se que foi ele quem "entregou" Paulo Correia e Viriato Pan a Nino Vieira para este os mandar matar.

A CEDEAO virá assim fazer uma limpeza cirúrgica e deixar o caminho aberto para a instalação de um regime de barbárie total.

Por outro lado, está a preparar em conjunto com Nhamadjo-Barros a visita da missão internacional, montando uma palhaçada monumental. Como ninguém os apoia, decidiu à pressa e em situação de urgência, realizar, sob o seu controlo, um dito congresso do Movimento da Sociedade Cívil. Segundo os próprios organizadores (que trista ingenuidade e incompetência!) o "Presidente" e "Governo" deram o dinheiro que era preciso para fazerem em alta velocidade o dito Congresso. Antes dele se realizar já todos sabem quem é o Presidente que assegura o "Amen" e o apoio da sociedade civil. Arranjaram uns "delegados" nos becos e bares do país e, não representando nada nem ninguém, vão segundo a legitimidade das armas, apoiar os putchistas quando vierem os tais internacionais.

Para a palhaçada ser completa, começaram a criar e a financiar "grupos de apoio" ao governo que aparecem na televisão a dar vivas à situação e a cantar loas às obras do governo.

Mas na rua cresce a onda de revolta contra estes usurpadores e larápios do bem público, que se ri até às lágrimas da última tirada do Indjai: gós tempu di combersa kaba, gós i tempu di diálugu...

Chefe do governo Timorense pede apoio para povo da Guiné-Bissau

Xanana Gusmão

Xanana GusmãoFotografia © Lirio da Fonseca/Reuters


O primeiro-ministro de Timor-Leste, Xanana Gusmão, manifestou hoje preocupação com a situação da Guiné-Bissau e pediu apoio para o povo guineense.

O chefe do governo timorense falava na sessão de abertura da VII reunião do Conselho de Chefes da Polícia da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), que se realiza em Díli entre hoje e quinta-feira.

"Os nossos irmãos guineenses estão também a enfrentar grandes dificuldades. Manifestamos aqui o nosso empenho para que a Guiné-Bissau rapidamente regresse à comunidade dos países onde a ordem pública e o respeito pelas decisões populares sejam a regra", afirmou Xanana Gusmão.

No discurso, o primeiro-ministro timorense apelou também para que não se permita que o "povo guineense fique abandonado à sua sorte".

A 12 de abril, na véspera do início da segunda volta para as eleições presidenciais da Guiné-Bissau, na sequência da morte por doença do Presidente Malam Bacai Sanhá, os militares derrubaram o Governo e o Presidente.

A Guiné-Bissau está a ser administrada por um Governo de transição, apoiado pela Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), que pretende realizar eleições no país em abril do próximo ano.

A maior parte da comunidade internacional, incluindo a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), não reconhece as novas autoridades de Bissau.

sábado, 24 de novembro de 2012

Governo nega responsabilidade em alegada vigilância a casa de diplomatas

Bissau - O secretário de Estado da Ordem Pública da Guiné-Bissau, Basílio Sanca, afirmou ontem (sexta-feira) que o Governo nunca deu ordens para os seus agentes vigiarem as casas ou representações diplomáticas no país como foi recentemente noticiado.


Em comunicado distribuído à imprensa, na passada segunda-feira, os parceiros internacionais da Guiné-Bissau afirmaram-se preocupados com a "vigilância por agentes de segurança do Estado" de "membros e propriedades da comunidade diplomática", sem contudo especificarem.


No comunicado assinado pelo representante especial do secretário-geral das Nações Unidas na Guiné-Bissau, Joseph Mutaboba, os parceiros afirmam-se também muito preocupados "com as contínuas e inaceitáveis violações de direitos humanos".


Questionado sobre o assunto, o secretário de Estado da Ordem Pública guineense diz que por iniciativa do Governo nenhuma ordem nesse sentido foi dada aos agentes da polícia e que se estiver a acontecer seria fora do âmbito do Estado.


"Pelo menos nós do ministério do Interior não emitimos qualquer ordem nesse sentido. Se acontecer na realidade são casos particulares que o nosso ministério não sabe e nem recebeu qualquer participação de protesto de alguma instituição diplomática", disse Basílio Sanca.


O governante que falava à margem de um seminário organizado pela Policia de Ordem Pública subordinado ao tema "violência contra a mulher e o papel da polícia" na Casa dos Direitos Humanos, recusou-se a comentar o teor do relatório dos parceiros em que se afirmam preocupados com a onde de violência no país.


"Não comentamos relatórios de parceiros internacionais e nem temos competências para o fazer, nós lidamos com coisas concretas", afirmou Sanca, quando questionado sobre o facto de os parceiros terem sublinhado que se regista uma subida de situações de violações dos direitos humanos, sequestros, espancamentos e, inclusive, falam de uma execução sumária", disse. 


Basílio Sanca comentou apenas que por enquanto o Governo não recebeu nenhum protesto formal de nenhum diplomata que estaria a ser vigiado.


"Ainda não recebemos qualquer participação de nenhum diplomata em como a sua residência está a ser vigiada por alguém do Governo. Se assim for e na altura própria vamos tomar as medidas necessárias", observou o governante.


Sobre a violência contra as mulheres, Basílio Sanca diz ser uma realidade no país, mas para a qual o Ministério do Interior não tem meios de combate.


"As situações da violência contra a mulher é uma realidade, mas não são apenas da responsabilidade do Ministério do Interior, são também de toda a sociedade, apesar de recair sobre nós, só que em termos de meios, recursos, o país está muito carenciado e não consegue fazer cobertura de todas as situações de violência contra os direitos humanos", enfatizou Basílio Sanca.

Cidade de Cacheu acolhe festival e alerta para degradação do património

Cacheu, O festival de Cacheu, cidade do norte da Guiné-Bissau, foi  aberto hoje, visando divulgar a cultura da região e fazer lembrar que o património local está em "acentuado estado de degradação".


"Apesar dos esforços do Governo e da UNESCO, parte do património está em acentuado estado de degradação e em risco de desaparecer", disse na sessão de abertura do festival o ministro da Educação do Governo de transição, Vicente Pungura.


Cacheu é a cidade mais antiga da Guiné-Bissau e fica junto do rio com o mesmo nome, tendo crescido muito graças ao tráfico negreiro, do qual há ainda alguns vestígios, como um dos caldeirões onde era feita a comida para os escravos. Há também um forte construído pelos portugueses e diversas estátuas, como as de Diogo Cão ou Nuno Tristão, além de símbolos de Portugal um pouco por toda a cidade.

É esse património histórico que hoje o ministro referiu como correndo o risco de desaparecer se não for preservado.
O tráfico de escravos, disse, acabou por criar fortes relações de amizade com portugueses, brasileiros e cubanos, e o Festival Cultural de Cacheu "não é só um encontro de música, de artistas e de exposições, é a demonstração do desejo de levar a cabo a sensibilização sobre a necessidade de adoptar um plano estratégico de salvaguarda do património cultural", afirmou.


Com a presença de vários ministros do Governo de transição, coube ao Presidente da República de transição, Serifo Nhamadjo, abrir o festival, aproveitando para dizer que o país está "num processo de reencontro" e que o mesmo tem "altos e baixos", ainda que "os problemas devem ser motivação para se fazer mais e melhor".

"Aos que participam, que interajam e que compreendam os outros. É a diferença cultural que deve dar o exemplo para outros sectores de como podemos ser diferentes e estar juntos, de pensar diferente e coabitar", disse Serifo Nhamadjo, pedindo "coragem" aos guineenses para os tempos difíceis que o país atravessa.  

De hoje até domingo passam por Cacheu grupos de música e de dança tradicional e de grupos de música moderna e foram organizadas palestras e exposições de escultura, de produtos locais e de artesanato.
E para lembrar que da primeira feitoria portuguesa saíram no passado milhares de escravos para o continente americano foi apresentada uma peça de teatro lembrando esses tempos, onde não faltou a chegada dos portugueses com prendas e aguardente, os escravos acorrentados, os maus tratos e o embarque para o Brasil. 

E também a música e a dança pelo Ballet Nacional da Guiné-Bissau. Porque é preciso preservar a memória de Cacheu que é património nacional, como disse o governador local, que falou nomeadamente da necessidade de criar um museu na cidade e de se restaurar as estátuas. 

Enquanto tal não acontece vão-se organizando festivais culturais, "um momento de definição de tarefas comuns de preservação do património e da memória colectiva", como diz um grande cartaz à entrada da cidade. 

O festival, que terá a duração de três dias, vai na terceira edição. Como as outras junto ao rio Cacheu e no largo principal, onde subsiste um monumento português mas onde o símbolo das quinas já mal se vê.

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Ibarima Sory Djalo eleito Presidente da ANP

Bissau - O Presidente em exercício da Assembleia Nacional Popular (ANP), Ibraima Sory Djalo, foi eleito para dirigir os destinos do parlamento guineense no próximo período de prorrogação de mandato dos deputados desta instituição.

A escolha de Ibarima Sory Djalo aconteceu esta sexta-feira, 23 de Novembro, no hemiciclo guineense, onde o lugar de 1.º vice-Presidente, foi confiado a Augusto Olivais e o de 2.º vice-Presidente foi atribuído a Isabel Buscardini.


Os outros lugares continuam a ser ocupados por João Seidi Ba Sane e Aurora Sano.


Foi esta a proposta ontem avançada pela bancada parlamentar do PAICG mas que tinha sido recusada pelo agora eleito Presidente da ANP.


Ibarima Sory Djalo pretende que estes lugares sejam ocupados por João Seidi Bá Sane, deputado do PAIGC, a ficar com o lugar de 1.º vice-Presidente da ANP e a deputada Aurora a ocupar o posto de 2.ª vice-Presidente do Parlamento guineense.


Ibraima Sory Djalo assumiu o lugar na sequência do golpe de Estado de 12 de Abril.

Cerca de três dezenas de guineenses deportados da Líbia

Bissau – As autoridades de transição líbias expatriaram cerca de trinta cidadãos de nacionalidade guineense, por se encontrarem a viver de forma ilegal no país.

O retorno destes cidadãos foi facilitado pela Organização Internacional de Migração (OIM), que fez chegar os conterrâneos via terrestre ao país, passando pelo Níger, Mali, Gâmbia e Ziguinchor.
Em declarações à impressa, Amadu Tidjane Embalo, porta-voz do grupo, disse que a maioria dos cidadãos foi surpreendida pelas autoridades policiais, que os colocaram de imediatos no centro de detenção, de onde foram encaminhados aos países de origem.


Amadu Tidjane Embalo disse que deixou Bissau há três meses e prevê emigrar para Itália, através das fronteiras Líbias.
O porta-voz informou ainda à PNN que seis dos seus colegas foram levados para local desconhecido há mais de trinta dias e há poucas informações acerca de como encontram.


Uma boa parte destes retornados são originários da região leste da Guiné-Bissau, concretamente de Gabu. De acordo com a fonte da Direção-geral da Migração e Fronteira todos vão ser entregues às suas famílias, cujo processo de identificação já está em curso nesta instituição.


A emigração ilegal é um acto frequente na Guiné-Bissau, tendo já provocado a morte de vários jovens que procuram, a todo custo, chegar à Europa em busca de melhores condições de vida.

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Kumba Ialá com quatro adversários no congresso do PRS

Bissau - O ex -Presidente da Guiné-Bissau e líder do Partido da Renovação Social (PRS), Kumba Ialá, vai disputar a chefia do partido com outros quatro dirigentes no congresso marcado para Dezembro, revelou hoje (quarta-feira) a comissão organizadora do conclave.  

Orlando Viegas, presidente da comissão organizadora do quarto congresso ordinário do PRS, segundo maior força política na Guiné-Bissau, apresentou ontem (quarta-feira) a lista definitiva dos candidatos à presidência do partido, anunciando os nomes de Kumba Ialá, Baltazar Cardoso, Alberto Nambeia, Sola N'Quilin e Aladje Sonco.  

Kumba Ialá é o fundador do PRS, mas nos últimos anos a sua liderança tem vindo a ser questionada sobretudo por Sola N'Quilin, seu antigo ministro e ex-líder parlamentar dos renovadores guineenses. N'Quilin chegou mesmo a afirmar que Kumba Ialá dirige o PRS de forma autocrática e com bases étnicas. 

Actualmente, decorre nas instâncias do partido um processo que, segundo fontes do PRS, poderá acabar em expulsão de Sola N'Quilin.  

Para o congresso marcado para entre 11 e 14 de Dezembro são também candidatos os deputados Alberto Nambeia e Baltazar Cardoso, o último um conhecido empresário guineense e um dos vice-presidentes da Câmara do Comércio.  

Aladje Sonco é um militante ainda desconhecido entre os militantes do PRS, mas mesmo assim vai desafiar o líder do partido no congresso.  

Para o cargo de secretário-geral dos "renovadores" guineenses concorrem Carlitos Barai (antigo ministro das Obras Públicas), Florentino Mendes Teixeira (antigo secretário de Estado do Plano e Orçamento) e Máximo Tchuda.  

A organização conta ter 801 delegados no congresso.

Parceiros internacionais preocupados com "vigilância" a diplomatas

Bissau - Os parceiros internacionais da Guiné-Bissau afirmaram-se ontem (quarta-feira) preocupados com a "vigilância por agentes de segurança do Estado" de "membros e propriedades da comunidade diplomática", sem contudo especificarem.  

Num comunicado divulgado em Bissau e assinado pelo representante especial do secretário-geral das Nações Unidas na Guiné-Bissau, Joseph Mutaboba, os parceiros afirmam-se também muito preocupados "com as contínuas e inaceitáveis violações de
direitos humanos".  

"Os parceiros internacionais reiteram a sua forte preocupação com as contínuas e inaceitáveis violações de direitos humanos, incluindo uma execução sumária, sequestros e espancamentos, e ameaças diversas não especificadas", diz o comunicado, feito na sequência de uma reunião na semana passada, mas só agora divulgado.  

Na reunião, realizada na passada sexta-feira, os parceiros felicitaram a abertura da Assembleia Nacional Popular (sem funcionar desde o golpe de Estado de 12 de Abril mas que reabriu na quinta-feira), que consideraram "um passo importante para uma
participação política nacional e inclusiva". 

Os parceiros "expressam a esperança de que os membros da Assembleia Nacional irão trabalhar em conjunto para uma execução bem-sucedida do programa definido para a sessão, incluindo o trabalho legislativo destinado a assegurar a preparação e realização de eleições livres e transparentes", diz o comunicado. 

Os parceiros pedem às autoridades de transição para que garantam a prevenção das violações de direitos humanos e que conduzam investigações transparentes relativamente às violações, em conformidade com normas internacionais, "para que os criminosos sejam levados à justiça, e que lutem contra a impunidade recorrente na Guiné-Bissau".  

A Guiné-Bissau está a ser gerida por um Governo de transição na sequência de um golpe de Estado que a 12 de Abril depôs as autoridades legítimas. 

O Governo de transição tem sido crítico em relação à postura do representante da ONU no país e já pediu a sua substituição. 

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Parlamento aprova prorrogação da legislatura até novas eleições

Bissau,  (Lusa) - Os deputados ao parlamento da Guiné-Bissau aprovaram hoje por unanimidade a decisão de prorrogar a atual legislatura até à posse de novos parlamentares, depois de eleições gerais no próximo ano.

Numa sessão que começou com polémica e ataques entre os parlamentares de diferentes bancadas e entre os do mesmo grupo parlamentar, a decisão de prorrogação o mandato do Parlamento acabou por ser assumida pelos 78 deputados que se encontravam na sessão.

Para que a legislatura (que devia terminar na próxima quinta-feira) possa manter-se é preciso alterar a Constituição, tendo os deputados aprovado um projeto de revisão que diz que a presente legislatura termina "com o fim do período de transição".

O regime estabelecido é excecional e transitório e caduca com o fim da transição, diz o artigo quatro do projeto de revisão constitucional hoje aprovado.

Em reação ao facto, o deputado e líder da coligação Aliança Democrática, o antigo ministro das Finanças Vítor Mandinga, afirmou que "pela primeira vez" a bancada da maioria no parlamento guineense, a bancada do PAIGC "votou em consonância com as demais bancadas".

"A Guiné-Bissau está de parabéns. Hoje é um dia histórico porque finalmente os guineenses demonstraram ao mundo que estão a entender-se sobre a necessidade de, através do Parlamento, salvar o país do caos", observou Vítor Mandinga.

Para este deputado, a comunidade internacional, com a CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa) e a CEDEAO (Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental) "deviam vir em apoio" dos guineenses no seu todo.

O líder do grupo parlamentar do PAIGC (Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde), Rui Diã de Sousa considerou que a partir de agora "o Parlamento vai assumir as suas responsabilidades", tendo mais protagonismo no processo de transição em curso no país na sequência do golpe de Estado de 12 de abril passado.

Rui Diã de Sousa espera apenas que o Parlamento aprove, rapidamente, a resolução que dá poderes ao Presidente de transição, Serifo Nhamadjo para que este possa promulgar a prorrogação da vigência do Parlamento uma vez que a Constituição guineense não prevê a existência de um Presidente de transição.

Para contornar este ditame constitucional foi elaborado um projeto de resolução, hoje aprovado na generalidade, a partir do qual o Parlamento vai reconhecer o Pacto de Transição - instrumento pelo qual se regem os órgãos que gerem o período de transição - e desta feita reconhecer o Presidente de transição (com poder para promulgar a extensão do mandato da Assembleia).

Na altura da votação na generalidade do projeto de resolução oito deputados da bancada do PAIGC abstiveram-se. O documento, elaborado por uma comissão composta pelos deputados de todas as bancadas, foi aprovado e deverá ser discutido de novo na quarta-feira.

MB //JMR.

Lusa/Fim

Militares golpistas deviam ficar no poder - defende deputado do PAIGC

Bissau  - O antigo secretário de Estado das Pescas da Guiné-Bissau, Mário Dias Sami, afirmou hoje, terça-feira, no Parlamento, que os militares que fizeram o golpe de Estado deviam ficar com o poder, em vez de o entregar aos civis. 

"Sim, porque em golpes de Estado clássicos quem faz o golpe fica com o poder. Mas, aqui o que temos tido não são golpes de Estado, porque os militares acabam sempre por entregar o poder aos civis", defendeu Dias Sami, agora  deputado do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), maioritário. 

Intervindo numa sessão parlamentar, dedicada a debates sobre a revisão pontual da Constituição da Guiné-Bissau, Mário Dias Sami disse que os políticos e os guineenses deviam "deixar os militares em paz".  

"Se fosse eu a fazer o golpe de Estado tinha ficado com o poder", afirmou  Sami, acrescentando que o poder hoje está com civis, como o presidente de  transição (Serifo Nhamadjo), o presidente do Parlamento (Sory Djaló), a  presidente do Supremo Tribunal de Justiça (Maria do Céu Monteiro) e o primeiro-ministro (Rui de Barros). 

"Os civis devem assumir de uma vez por todas as suas responsabilidades, porque são eles que detêm o poder neste país, não os militares. Já chega de falar de golpe de Estado para justificar tudo e mais alguma coisa. Nós, os parlamentares temos que assumir a nossa responsabilidade", sublinhou.

O antigo governante reagia assim quando alguns deputados, nomeadamente os da sua própria bancada, falaram da necessidade de antes de se aprovar qualquer diploma no Parlamento as bancadas consultarem as respetivas direcções partidárias.

"Se somos divididos neste país por causa dos partidos, então o melhor, se calhar, era acabarmos com os partidos e ficarmos com o povo da Guiné-Bissau, que é o mais importante", disse Mário Sami, merecendo palmas de alguns deputados.


Nota do Editor

Declarações destas só legitimam os Golpistas, este Senhor não vê ou não sabe que quem manda são os militares e o Kumba Yála, os ditos civis são uns paus mandados.

Guiné-Bissau inaugura clínica para tratamento de noma

Infra-estrutura foi oferecida por ONG alemã depois de vários anos de presença ocasional de médicos holandeses que asseguravam as cirurgias

Residentes de Bissau


A inauguração deste centro de Noma na Guiné-Bissau, o primeiro do género, representa um sinal forte para a solução de centenas de crianças e adultos que enfrentam esta enfermidade. Uma enfermidade que, até aqui, obrigava a maioria de pacientes a requererem juntas médicas para o exterior.


E como eram difíceis, muitos doentes passaram fatalmente a conviver com a doença, salvo em ocasiões em que alguns são salvos pelas equipas especializadas estrangeiras, sobretudo Interplast Holanda, que por aqui promoveram diferentes campanhas de cirurgia.


E os resultados, segundo dados clínicos, foram extraordinariamente encorajadores, tanto mais que a inauguração do Centro Especializado veio de certa forma conter a doença.


O Primeiro-ministro de Transição, Rui Duarte de Barros, foi quem presidiu a cerimónia de inauguração desde centro baseado na capital guineense.


Com a inauguração do Centro, construído pela ONG Alemã Hilfsaktion NOMA, por sinal dono do projecto, resultado de quatro anos da sua presença no pais, 110 casos diagnosticados, em todo o território nacional, deverão ser submetidos as intervenções cirúrgicas gratuitas a partir do próximo dia 27 deste mês.


A maioria dos pacientes são crianças de 2 a 6 anos de idade e as causas da enfermidade estão ligadas a higiene bocal, má nutrição e higiene de ambiente em que vivem. O Centro Noma, ora inaugurado, tem a capacidade para internamento de 15 pessoas.

Estigma é dos maiores obstáculos na luta contra a SIDA

Bissau - O Secretariado Nacional de Luta contra a SIDA (SNLCS) da Guiné-Bissau lamentou ontem (terça-feira) que mais de 20 anos após o primeiro caso conhecido no país "o estigma continua a ser um dos maiores obstáculos" no combate à pandemia.  

João Silva Monteiro, secretário executivo do SNLCS, disse que até hoje nunca alguma figura pública se assumiu como seropositiva, porque apesar de todas as campanhas se "teme a exclusão".  

"Outro sinal triste da estigmatização prende-se com o facto de muitos guineenses escolherem a calada da noite para procurar anti - retrovirais", disse o responsável, que criticou "os próprios serviços do Estado que praticam a estigmatização" quando exigem o teste de SIDA a candidatos a bolsas de estudo no exterior.  

João Silva Monteiro disse à Lusa que há países como a China ou a Rússia que exigem esse teste, mas que os serviços competentes o fazem mesmo para candidatos a bolsas para países como Brasil ou Portugal, que não têm essa exigência.   

"É contra a lei e é desumano", disse, acrescentando que é também "monstruoso" que se tenha chegado ao ponto de impedir uma pessoa de ser jornalista por ser seropositiva.  

O SNLS iniciou hoje (terça-feira) em Bissau um encontro para debater a lei 5/2007, de prevenção e tratamento da SIDA, na tentativa de, através de melhoramentos da lei, se possa chegar "à realização plena e universal dos direitos do Homem e das liberdades
fundamentais".  

É que, disse o secretário executivo, "se há discriminação é porque a lei ou não foi suficientemente divulgada ou porque tem lacunas ou está desactualizada". 

Segundo um relatório hoje (terça-feira) divulgado pelas Nações Unidas, pelo menos 2,5 milhões de pessoas contraíram o vírus da SIDA em 2011, com a África subsahariana a ser a mais afectada. A Guiné-Bissau está no grupo de países onde houve um aumento
de pelo menos 25 porcento de novas infecções.  

Em Setembro passado, as organizações de luta contra a SIDA na Guiné-Bissau já tinham alertado para a situação "muito delicada" em que estava o país, quase sem apoios depois de o Fundo Global (organização internacional de apoio à luta contra a malária, tuberculose e SIDA) ter cancelado a cooperação. 

Os cortes, disseram, começaram há um ano mas agudizaram-se depois do golpe de Estado de 12 de Abril passado. O país ficou durante algum tempo praticamente sem reservas de medicamentos e de suplementos alimentares. 

João Silva Monteiro disse hoje (terça-feira) que os problemas começaram antes, por alegadas irregularidades na gestão do dinheiro do Fundo Global, mas considerou que o país viveu "uma sanção" (pelo golpe).  

"O Fundo Mundial anunciou que vinha. Antes diziam que não vinham por motivos de segurança", disse o responsável, precisando que a delegação do fundo chegará a Bissau no início do próximo mês para negociar um novo programa, mas mais reduzido e sem apoios para organizações da sociedade civil, que faziam a prevenção.  

"Penso que não é sério dizer que estamos a financiar a luta quando a prevenção é completamente tirada do programa. Como é que podemos travar a SIDA se não evitamos novas infecções? É insensato", disse.  

Questionado sobre os mais recentes números de infecções na Guiné-Bissau, João Silva Monteiro disse que essa estatística está a ser preparada.   

"Até ao ano passado, tínhamos baixado novas infecções em 25 porcento. Agora passámos um ano sem preservativos, é complicado", disse.  

Segundo números da Rede Nacional de Pessoas com HIV-SIDA, a Guiné-Bissau, com uma prevalência de 3.4, é dos países da região com maior taxa, havendo neste momento mais de 50 mil pessoas infectadas.

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Jornalista guineense desaparecida em Luanda há mais de quatro meses

20 -11-2012 | Fonte: VOA

Quatro meses depois da participação do desaparecimento em Luanda da jornalista Bissau-guineense “Milocas” Pereira a polícia angolana continua

as investigações.
A notícia do desaparecimento da jornalista só é tornada pública numa altura em os familiares que não queriam prejudicar as investigações policiais, perderem a esperança que a mesma esteja ainda viva.


Foram quatro meses de silêncio para a família Pereira. De Luanda até Lisboa passando por Bissau, há muito que, o desaparecimento de Ana Pereira vulgo Milocas Pereira era tema de conversa, mas ninguém quis anunciá-lo para não atrapalhar as investigações policiais em Luanda onde a vítima deixou de ser vista em meados de Julho.


O irmão da Milocas, Carlos Pereira já não aguentou e decidiu falar a Voz da América a partir de Lisboa onde reside.


“De lá não se pode estar assim a comentar e a dizer muita coisa, com o medo da retaliação da polícia angolana ou das autoridades angolanas, mas o que nos chega é isso, está desaparecida desde finais de Julho. Suspeitamos de muita coisa. Que ela tivesse dado com muita coisa e tivesse necessidade de fugir, de esconder ou que tenha havido alguma retaliação.”


A jornalista guineense de 58 anos vive em Luanda para onde se emigrou há oito anos, e tem ali leccionado jornalismo na Universidade Independente e no Instituto Superior Técnico Metropolitano. Milocas também notabilizou-se na sociedade angolana pelas suas análises sobre as crises políticas na Guiné-Bissau.


“Mesmo a nível da Rádio e a nível da TPA chamavam-na para comentar o assunto. E depois apanhou essa confusão toda do último conflito na Guiné com a missão da Missang que teve que sair e suspeitavam disso e daquilo, o receio é que ela tenha sido apanhada no meio dessa confusão toda.”


Domiciliada no Bairro do Benfica em Luanda, Milocas tem uma irmã mais nova que também reside na mesma cidade com que se contactava de vez em quando e em ocasiões de extrema necessidade.Por isso o primeiro alarme foi dado pela mãe que vive em Lisboa e com quem se contactava regularmente.


Desde a participação do seu desaparecimento há mais de quatro meses que se supõe que a polícia angolana esteja a levar a cabo as investigações.


“Foi-se uma vez à Polícia angolana para se identificar um cadáver que tinha aparecido por lá, mas que não tinha nada a ver com ela, e depois fizeram tudo. Apresentaram a dita queixa e as autoridades até agora, penso que não disseram nada. Mandaram aguardar.”
Em Bissau o governo Guineense diz que assim que tomou conta da ocorrência pediu imediatamente esclarecimentos ao governo angolano através dos canais diplomáticos.


O Secretário de Estado das Comunidades Guineense, Idelfrides Fernandes confirmou isso mesmo à Voz da América a partir de Dacar, onde se encontra em missão de serviço.


“A nossa representação diplomática já entrou em contacto com o ministério do interior que me informou que não há nenhum registo da saída de Milocas Pereira para o exterior. Fora de Angola. Nesta situação pedimos um inquérito para poder apurar a situação real.”
Segundo o Secretário de Estado Idelfrides Fernades, desde então tem seguido de perto o assunto e o último contacto que ainda teve com a representação diplomática guineense em Luanda remonta há três semanas.


A Voz da América contactou também a polícia angolana, que remeteu para a sua jurisdição de Luanda toda a informação sobre o caso. A nossa reportagem não foi no entanto bem-sucedida nos contactos que teve depois, com o departamento policial de Luanda, mas prometemos acompanhar este caso nos próximos dias.

Reflexão sobre uma possível prorrogação dos mandatos dos deputados na Guiné-Bissau

Assembleia Nacional Popular da Guiné-Bissau

Fonte: R F I

Depois da abertura solene de uma uma nova sessão parlamentar na passada quinta-feira, os deputados Guineenses retomaram os seus trabalhos efectivos esta segunda-feira, pondo fim a mais de 6 meses de paralisação por falta de entendimento entre os dois principais partidos Guineenses PRS, Partido da Renovação Social, e o PAIGC, Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde, após o golpe de Estado do passado 12 de Abril.

Em cima da mesa está a eleição de um novo presidente da Comissão Nacional de Eleições, a aprovação de uma nova lei eleitoral, o preenchimento das vagas na mesa da Assembleia Nacional Popular e sobretudo a prorrogação da actual legislatura até à posse de novos deputados.

Nesta óptica, foi formado um grupo de trabalho integrando todas as forças políticas representadas no Parlamento, no intuito de se debruçarem sobre a prorrogação da actual legislatura cujo fim tem sido previsto para dia 22 de Novembro.

Em entrevista à RFI, Sêdi Bá, deputado do PAIGC, resume o que hoje foi debatido na Assembleia Nacional da Guiné-Bissau.

Sêdi Bá, deputado do PAIGC entrevistado por João Matos
 
(01:13)
 
 
 
 

Também do ponto de vista de Serifo Djaló, líder parlamentar do PRS, a prorrogação da legislatura é necessária e existem condições para a Assembleia Nacional Popular funcionar.

 

Serifo Djaló, deputado do PRS entrevistado por Liliana Henriques
(01:34)
 
 

Consórcio luso-guineense promete primeiro centro comercial da Guiné-Bissau em 18 meses

Um consórcio constituído por um grupo empresarial guineense e vários empresários portugueses afirma que vai construir o primeiro centro comercial na Guiné-Bissau, que deverá abrir na capital dentro de 18 meses.

Segundo Luís Neves, empresário português e sócio integrante do consórcio, a primeira pedra para a construção do centro comercial, enquadrado dentro de uma cadeia de vários empreendimentos a serem construídos, será lançada no próximo sábado na presença de entidades oficiais guineenses e empresários dos dois países.


A este propósito, disse, chegam a Bissau na próxima sexta-feira os representantes de oito grupos empresariais portuguesas, de áreas como metalomecânica, carpintaria, casas pré-fabricadas, serralharia, produtos alimentares, cozinhas e material de construção.


Os empresários lusos virão constatar a realidade guineense e estudar com possíveis parceiros guineenses as futuras áreas de parceria, assinalou Luís Neves em declarações à Lusa, explicando ainda os passos para a construção do primeiro centro comercial na Guiné-Bissau.


Neves adiantou que será um centro comercial de construção ligeira, a ser erguido na zona industrial de Brá, a seis quilómetros do centro de Bissau, com 1500 metros quadrados e quatro pisos, dentro dos padrões da Guiné-Bissau "mas com todas as condições de higiene, segurança e mobilidade" iguais aos edifícios semelhantes na Europa.


O responsável sublinhou que o consórcio não colocará restrições para o aluguer do espaço, apenas irá exigir que os produtos a serem comercializados no centro comercial sejam de marcas reais.


Questionado sobre se existe mercado para o funcionamento de um centro comercial na Guiné-Bissau, Luís Neves disse que os estudos feitos pelo consórcio apontam que sim e que depois de Bissau a ideia é abrir em Mansoa (centro/norte), Gabu (leste) e Buba (sul).


Luís Neves assinalou que desde já "há muitos guineenses" radicados em Portugal que se têm manifestado com vontade de investir no país mas que não o fazem por falta de condições, sobretudo de espaços para alugar.


Sobre a instabilidade político-militar que afecta a Guiné-Bissau nos últimos anos, o empresário português reconheceu que é uma realidade mas disse que tal não pode inibir os potenciais investidores. Mesmo com a instabilidade, Luís Neves afirma não existir receios para investir na Guiné-Bissau.


"Se estivéssemos com receios não estávamos a trabalhar aqui neste projecto. A história reza que na Guiné-Bissau, tirando a guerra de 98, nunca um empresário foi prejudicado no seu negócio directamente por razoes políticas", destacou Luís Neves.


Além do centro comercial, o consórcio luso-guineense pretende construir no total sete armazéns, duas salas de cinema, um edifício multi-serviços, escritórios para alugar a baixo custo, um pavilhão para uma feira de exposição de produtos produzidos na Guiné-Bissau e os de outros país

Fonte: Jornal Publico

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Taur Matan Ruak condena violência na Guiné-Bissau

O Presidente de Timor-Leste, Taur Matan Ruak, condenou a permanente “perseguição” e o “uso da violência” para a conquista do poder na Guiné-Bissau, e realçou que vai chegar um momento em que as pessoas vão dizer “basta”.


Taur Matan Ruak falava aos jornalistas, na capital Dili, durante uma conferência de imprensa conjunta com o presidente interino deposto da Guiné-Bissau, Raimundo Pereira, que iniciou uma visita de trabalho a Timor-Leste.


“Se formos ver o passado Timor foi um pouco isso também. Chegou um momento em que as pessoas acabaram por dizer basta. Acho que na Guiné-Bissau vai chegar um momento que as pessoas vão dizer basta”, afirmou, acrescentando que o seu país está a fazer um esforço para que isso aconteça.


Nas declarações aos jornalistas, o Chefe de Estado timorense recordou também que a Guiné-Bissau foi durante muitos anos uma inspiração para Timor-Leste quando ainda lutava contra a ocupação indonésia

Três voluntários da ONG Na Rota dos Povos acabam de regressar a casa, após 5 semanas de trabalho intenso em Catió, Guiné-Bissau.

Depois de, em 2011, se ter iniciado o projecto “A Educação é o Único Caminho” nesta região carenciada da Guiné-Bissau, equipando algumas salas de aula com o material enviado em 2 contentores, desta vez levamos 5 contentores (de 40 pés).

O primeiro desafio da missão de 2012 foi o de fazer chegar o conteúdo dos contentores de Bissau até Catió. Os 58km da “estrada” Buba-Catió estão praticamente intransitáveis para veículos não 4x4. Restou-nos procurar uma alternativa ao transporte terrestre, e, com o apoio de muitos amigos guineenses, conseguimos que o barco Cofra levasse todo o material por via marítima. O porto, em Catió (Cufar) já não recebia um barco com estas dimensões há vários anos, o que tornou a sua chegada num momento de grande emoção para a população catioense.

Um dos contentores continha material para a área Saúde, e os outros 4 para a Educação.

Os hospitais da região de Tombali, bem como alguns dos centros de saúde situados nas tabancas, receberam, assim, equipamento que proporcionará maior qualidade e conforto para os doentes.

Após um exaustivo levantamento, em cada tabanca e na cidade, das necessidades de cada escola, foi feita a distribuição e o resultado foi que todas as 31 escolas do ensino básico (até à 6ª classe) do sector de Catió, região de Tombali, ficaram equipadas com carteiras, cadeiras, quadros de giz e portas, em todas as suas salas de aula.

Também o material escolar (lápis, canetas, borrachas, afias, cadernos, papel, etc), recolhido pela comunidade escolar (em especial pelos alunos) das 9 escolas portuguesas apoiantes deste projecto foi distribuído pelas 31 escolas de Catió, onde estudam, actualmente, cerca 8.000 alunos!

Com os livros angariados concretizou-se a criação da Biblioteca Na Rota dos Povos em Catió, que foi dividida em duas secções distintas: a infantil, que dispõe de cerca de 1.500 livros, dezenas de jogos didácticos e que será também uma videoteca, totalmente equipada para a projecção de filmes infantis; e a secção para jovens e adultos, onde estão 8.000 livros (escolares e não escolares)!

O sector de Catió ficou, assim, totalmente coberto em termos de necessidades de equipamento. O material escolar é consumível, pelo que, no próximo ano, será reposto. E a biblioteca Na Rota dos Povos é, com toda a certeza,  uma das maiores da Guiné-Bissau, sendo que, segundo sabemos, a secção infantil é uma novidade absoluta!

No próximo ano avançaremos para outro sector da região de Tombali, tão ou mais isolado e abandonado: a ilha de Komo. As necessidades estão identificadas, há muitas escolas para equipar. Também aí pretendemos montar uma biblioteca!

Nada disto existiria sem o apoio, desinteressado e solidário, da comunidade escolar de vários estabelecimentos de ensino do norte de Portugal.

Tudo isto só foi e será possível com o empenho e apoio da maioria dos mais de 30 sócios da Na Rota dos Povos, e dos cerca de 140 apoiantes permanentes da ONG.

Tudo isto, foi feito com o envolvimento e colaboração, em todos os minutos, da população e da comunidade escolar de Catió, num verdadeiro trabalho de equipa!

Tudo isto, foi facilitado pela cooperação da nossa parceira AFACAT (Associação de Filhos e Amigos de Catió).

Para memória futura, colocamos, nas escolas e na biblioteca, uma placa idêntica à desta foto.

Os 8.000 alunos do sector de Catió têm, agora, boas condições físicas para estudar, as crianças e toda a população (da cidade e das tabancas) tem ao seu dispor uma Biblioteca, único meio de aquisição de conhecimento disponível no momento.

Continuamos convictos de que, para qualquer povo, "A Educação é o Único Caminho".

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Pr timorense condena uso da violência para conquista do poder

Díli - O Presidente de Timor-Leste, Taur Matan Ruak, condenou hoje (sexta-feira)a "perseguição" e o "uso da violência" para a conquista do poder na Guiné-Bissau, sublinhando que vai chegar um momento em que as pessoas vão dizer "basta". 

"Primeiro condenamos a perseguição e o uso da violência para a conquista do poder, segundo, acreditamos que isto é passageiro e há de ter um fim porque o mundo não vai continuar a admitir isto e os guineenses também não", afirmou o Presidente timorense.  

Taur Matan Ruak falava aos jornalistas durante uma conferência de imprensa conjunta com o Presidente interino deposto da Guiné-Bissau, Raimundo Pereira, que iniciou na quinta-feira uma visita de trabalho a Timor-Leste.  

"Se formos ver o passado Timor foi um bocadinho isso também. Chegou um momento em que as pessoas acabaram por dizer basta. Acho que na Guiné-Bissau vai chegar um momento que as pessoas vão dizer para. Para não continuar", afirmou, acrescentando que o seu país está a fazer um esforço para que isso aconteça.  

Nas declarações aos jornalistas, o chefe de Estado timorense recordou também que a Guiné-Bissau foi durante muitos anos uma inspiração para Timor-Leste quando ainda lutava contra a ocupação indonésia.  

"Com a honrosa presença do senhor Presidente aproveitei para agradecer tudo o que a Guiné apoiou a causa de Timor, a luta, mas também manifestar a nossa solidariedade e assegurar a disponibilidade de Timor-Leste para continuar a apoiar a Guiné-Bissau na busca de uma solução aceitável internacionalmente", acrescentou.  

A 12 de Abril, na véspera do início da segunda volta para as eleições presidenciais da Guiné-Bissau, na sequência da morte por doença do Presidente Malam Bacai Sanhá, os militares derrubaram o Governo e o Presidente.  

A Guiné-Bissau está desde então a ser administrada por um Governo de transição, apoiado pela Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), que pretende realizar eleições no país em Abril do próximo ano. 

A maior parte da comunidade internacional, incluindo a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), não reconhece as novas autoridades de Bissau. 

Deputados reunidos na sessão ordinária da ANP (Só conversa para distrair os Guineenses) “a presença dos militares porquê com que direito?”

Bissau – Os deputados da Assembleia Nacional Popular (ANP) encontram-se reunidos a partir desta quinta-feira, 15 de Novembro, numa sessão que termina a 15 de Dezembro.

Trata-se da sessão ordinária referente à VIII Legislatura, tendo em agenda a votação da lei eleitoral, a prorrogação da presente legislatura, a eleição do Presidente da Comissão Nacional de Eleições, de entre outros pontos.


No acto de abertura, Serifo Nhamadjo, Presidente de transição, disse que o processo em curso no país precisa de regularizar a intervenção da ANP na produção das leis e de outros documentos.
Serifo Nhamadjo apelou aos deputados no sentido de transmitirem uma mensagem de reconciliação entre os guineenses.


Participaram na sessão o Chefe do Estado-maior General das Forças Armadas e as chefias militares. O Presidente Ilegítimo de transição falou dos acontecimentos de 21 de Outubro, tendo classificado as mortes registadas como «inglórias».


«Apesar desta situação, o país continua a caminhar para a normalidade», referiu Serifo Nhamadjo, que falou pela primeira vez do assunto, tendo revelado que o número de pessoas detidas por alegado envolvimento é considerável.


Neste sentido, o Presidente Ilegítimo de transição pediu celeridades nos processos judiciais dos detidos, com base no respeito aos direitos humanos.


As questões do diálogo e partilha de valores da República foram, entre outros, aspetos que marcaram as palavras do Presidente da transição.


A recente assinatura entre a CEDEAO e a Guiné-Bissau do acordo para a reforma nos sectores de Defesa e Segurança foi um assunto também abordado na sessão da ANP.


A Justiça, o início das aulas nas escolas públicas, a retoma do projeto de construção de escolas pelo Governo do Japão, as obras de reabilitação do Hospital Nacional Simão Mendes e a comunidade guineense no estrangeiro foram pontos que também mereceram a atenção de Serifo Nhamadjo.

Presidente interino Raimundo Pereira deposto, em Díli para falar sobre assuntos de "interesse comum"

Díli - O Presidente interino deposto da Guiné-Bissau, Raimundo Pereira, disse ontem (quinta-feira) que se deslocou a Timor-Leste para "falar sobre assuntos de interesse comum" com as autoridades timorenses, sem especificar quais. 
"É uma visita normal no quadro das relações entre os povos da Guiné e de Timor. 

Como sabem, nós temos um passado comum de luta pela independência e os laços históricos falam mais alto e é normal que eu esteja cá em visita para falar sobre assuntos de interesse comum", afirmou Raimundo Pereira.


O Presidente interino deposto da Guiné-Bissau falava à imprensa no aeroporto Nicolau Lobato, em Díli, momentos depois de chegar acompanhado do chefe da diplomacia timorense deposto, Mamadu Djaló Pires, e não do Primeiro-ministro deposto, Carlos Gomes Júnior, como a Lusa noticiou na quarta-feira.


A 12 de Abril, na véspera do início da segunda volta para as eleições presidenciais da Guiné-Bissau, na sequência da morte por doença do Presidente Malam Bacai Sanhá, os militares derrubaram o Governo e o Presidente.


A Guiné-Bissau está a ser administrada por um Governo de transição, apoiado pela Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), que pretende realizar eleições no país em Abril do próximo ano.


A maior parte da comunidade internacional, incluindo a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), não reconhece as novas autoridades de Bissau.


O convite para visitar Timor-Leste foi feito ainda por José Ramos-Horta, que abandonou a presidência timorense em Maio, e que hoje manteve um pequeno encontro no aeroporto com Raimundo Pereira e Mamadu Djaló Pires.


Durante a sua estada em Timor-Leste, que termina no sábado, Raimundo Pereira deverá reunir-se com o actual Presidente timorense, Taur Matan Ruak.

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Ex - Presidente de Timor-Leste José Ramos-Horta acompanha situação com "muita preocupação"

Díli- O Prémio Nobel da Paz e antigo Presidente de Timor-Leste José Ramos-Horta afirmou hoje (quinta-feira) que continua a acompanhar a situação da Guiné-Bissau com "muita preocupação", mas também com "muita compreensão". 

"Eu continuo a seguir a evolução da situação na Guiné-Bissau com muita preocupação, mas também com muita compreensão", afirmou à agência Lusa José Ramos-Horta.
O antigo Presidente timorense falava no aeroporto Nicolau Lobato antes de viajar para Singapura e onde ainda esteve reunido com o Presidente interino deposto guineense, Raimundo Pereira, que hoje chegou a Timor-Leste para uma visita de trabalho de dois
dias.
"Conheço muito bem a Guiné-Bissau, mas pouco mais posso dizer além de manifestar solidariedade e simpatia", afirmou José Ramos-Horta, disponibilizando-se para ajudar directamente ou indirectamente na resolução da crise que o país vive desde 12 de
Abril. 
A 12 de Abril, na véspera do início da segunda volta para as eleições presidenciais da Guiné-Bissau, na sequência da morte por doença do Presidente Malam Bacai Sanhá, os militares derrubaram o Governo e o Presidente.
A Guiné-Bissau está a ser administrada por um Governo de transição, apoiado pela Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), que pretende realizar eleições no país em Abril do próximo ano.  

A maior parte da comunidade internacional, incluindo a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), não reconhece as novas autoridades de Bissau.
"Tudo o que as autoridades no terreno na Guiné-Bissau necessitarem da minha parte, tudo o que o Governo legítimo e as Nações Unidas necessitarem da minha parte, tudo o que possa contribuir directa ou indirectamente farei, é só uma questão de ver em
que as áreas em que Timor possa ajudar", acrescentou o antigo Presidente timorense.
Raimundo Pereira viajou acompanhado do chefe da diplomacia guineense deposto, Mamadu Djaló Pires, e deverá ser recebido ainda pelo novo Presidente timorense, Taur Matan Ruak. 

O Presidente Raimundo Pereira e o primeiro-ministro Carlos Gomes Júnior líderes guineenses depostos visitam Timor-Leste

15 de Novembro de 2012,

Díli, (Lusa) - O Presidente interino deposto e o primeiro-ministro deposto da Guiné-Bissau visitam Timor-Leste a partir de quinta-feira, informou hoje fonte da Presidência timorense.

O Presidente Raimundo Pereira e o primeiro-ministro Carlos Gomes Júnior, ambos depostos no golpe militar de 12 de abril na Guiné-Bissau, realizam uma visita de dois dias a Timor-Leste.

A Guiné-Bissau está a ser administrada por um governo de transição, apoiado pela Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), que pretende realizar eleições no país em abril do próximo ano.

A maior parte da comunidade internacional, incluindo a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, a que pertencem os dois países, não reconhece as novas autoridades de Bissau.

O convite aos dois governantes depostos para visitar o Timor-Leste foi feito ainda por José Ramos-Horta José Ramos-Horta, que abandonou a presidência timorense em maio, estando atualmente no cargo general Taur Matan Ruak, ex-chefe das forças armadas.

A mesma fonte adiantou ainda que o Presidente de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca, também vai realizar uma visita de quatro dias ao Timor-Leste, a partir do dia 27 deste mês.

CSR/MSE // HB.

Lusa/fim

Entrevista de A.Aly Silva (Blog Ditadura do Consenso) ao O INFORMADOR “Os militares acusaram-me de incitamento à guerra étnica” :

Declaração de interesses. Conheci o António Aly Silva há uns nove anos. Na época eu editava o Internacional de o Independente. O Aly tinha sido lá jornalista e, após um período de afastamento, começou a reaparecer na redacção. Ia ver os amigos e também deixar um exemplar do Lusófono, o projecto em que se aventurou e onde era director, jornalista, paginador, revisor e distribuidor. O Lusófono era um jornal quinzenário. Tinha notícias, entrevistas e reportagens,sobretudo, sobre as comunidades angolana, guineense e moçambicana. Aos poucos, o Aly conseguiu convencer alguns amigos e intelectuais ilustres da lusofonia a contribuir com os seus artigos. E o jornal teve algum sucesso. Até que, em 2004, fechou. Nessa altura já éramos amigos. Entretanto, o Aly voltou à Guiné-Bissau onde transformou o blogue ditadura do consenso num dos mais lidos de África. É ali que, há anos, a comunidade guineense espalhada pelo mundo obtém a maior parte das informações sobre o seu país. Entre muitas outras, foi ele quem deu a notícia do ataque à casa de Nino Vieira e publicou as primeiras fotografias do corpo do presidente da República assassinado. Foi também ele que revelou que o general António Indjai estava por detrás do golpe de Estado de 12 de Abril. E isso teve um preço: o Aly já foi preso, espancado e, recentemente, obrigado a deixar a Guiné-Bissau. Está em Portugal e conta aqui o que aconteceu:

Tiveste de sair da Guiné-Bissau. O que aconteceu?Fui ameaçado por três militares, à porta de casa. Apontaram para uma bazuka que estava no banco de trás do jeep e perguntaram-me se sabia o que era. Depois disseram-me que me fulminavam e que nem os ossos seriam encontrados… nessa mesma noite, meti-me no avião da Senegal Airlines e fui para DakarPorque é que te ameaçaram?

Porque o regime golpista e as autoridades ilegítimas não querem ninguém a estorvar-lhes o caminho, e muito menos querem ouvir falar no meu blogue, o ditadura do consenso. Estão apavorados pelas denúncias que tenho feito sobre raptos, torturas e assassinatos que eles têm cometido contra o povo guineense, tudo sob a bênção de quatro países da CEDEAO, e sob o olhar complacente – e passivo – da União Africana e das Nações Unidas.

Esta não foi a primeira vez que recebeste ameaças e este ano até já tinhas sido preso. O que te levou a pensar que, desta vez, a situação era mais séria?

Tem sido hábito. Em 1992 fui preso e espancado. Fiquei bastante maltratado e tive de ser evacuado para Portugal para tratamento. No dia 13 de Abril voltei a ser preso e espancado. Fiquei com a orelha direita cortada e roubaram-me os meus materiais de trabalho. Desta vez, contudo, a coisa ficou feia demais e tomou contornos mais obscuros e sinistros.

Como saíste da Guiné-Bissau?

Saí sem que praticamente ninguém tivesse dado por isso, de avião, e não pelos canais habituais…mas quanto a isso, fiquemos por aqui.

Para onde foste?

Para Dakar, com um bilhete só de ida, onde cheguei por volta da meia-noite. Mas foi em Dakar que tudo podia ter acabado mal. Quatro dias depois, tive a informação de que um alto funcionário do ministério do Interior tinha apanhado um voo em Ziguinchor com destino a Dakar. Estranhei, porque ele podia tê-lo feito em Bissau… afinal, havia motivações obscuras e sinistras por detrás dessa deslocação do homem da secreta guineense.

Que motivações?

Soube que o Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas e o Governo guineense, concertaram e instruíram a Procuradoria-Geral da Republica, através do Vice-Procurador, Rui Sanha, a emitir um mandado de detenção internacional para as autoridades do Senegal acusando-me de crime de violência e incitamento à guerra étnica. Mais: no Conselho de Estado sobre a Defesa e Segurança de há duas semanas, o Chefe de Estado Maior abordou directamente o Governo, o Procurador-Geral da República e os Serviços de Informação do Estado sobre o que tinham feito sobre o meu caso. O PGR respondeu que o mandado já estava feito – daí a viagem a Dakar do funcionário do SIE. O mandado chegou às mãos da polícia senegalesa há pouco mais de uma semana e foi também enviado via Interpol. Incitamento à guerra, eu? Eles é que têm estado a matar guineenses impunemente. Um alto funcionário da embaixada guineense em Dakar quando soube que eu já não estava lá desabafou para uma pessoa “graças a Deus”. Isso demonstra que não se preparava nada de bom para mim: se chegasse a Bissau seria simplesmente morto.

Sentes-te seguro em Portugal?

Mesmo aqui não me sinto seguro.

Colocaste a hipótese de encerrar o teu blogue. Porquê?

Por causa da perseguição de que tenho sido alvo no meu país. Dói-me não viver no meu país, e dói ainda mais ter que fugir e deixar tudo para trás. Cheguei a Portugal com uma mão à frente e outra atrás, e talvez tenha que recomeçar do zero a viver aqui.

O blogue obrigou-te a fazer muitos sacrifícios?

Acabou um casamento de dez anos e obrigou-me a regressar a Bissau e estar longe dos meus filhos. Para além das prisões, espancamentos e ameaças de morte.

Mudaste de ideias?

Agora está fora de questão. Há que aterrorizá-los também, mas sem armas que não o blogue e a internet. O Ditadura do Consenso é a principal fonte de informação nacional e internacional da Guiné. Todos os organismos internacionais recorrem a ele, incluindo o gabinete de consolidação de paz das Nações Unidas na Guiné-Bissau, a CPLP entre outros. O meu blogue, hoje, é a única voz de destaque contra o golpe de Estado e a ocupação ilegitima da Guiné-Bissau por militares da Nigéria, do Senegal, do Burkina Faso e da Costa do Marfim, sem qualquer mandato legítimo das instituições da Republica, senão sob a cobertura camuflada da CEDEAO.

Diz-se que o motivo do golpe é a luta pelo controlo do tráfico de droga. É verdade?

É, mas o tráfico de droga é controlado pelos poderes político e militar. Ambos saem a ganhar com o tráfico.

Para além do tráfico, o consumo de cocaína aumentou muito na Guiné?

Ainda que a resposta fosse sim, isso é uma ínfima parte. Não há poder de compra para o guineense. A maior parte é consumida por alguns expatriados.

O que achas da posição de Portugal?

O que seria mesmo da Guiné-Bissau sem a posição de Portugal… O mesmo se aplica aos países da CPLP, da União Africana e da restante comunidade internacional, deixando de parte a CEDEAO. Espero que o bloqueio se mantenha, e se intensifique. Os políticos com mão no golpe – alguns com a nacionalidade portuguesa – deviam ser alvos de sanções, proibindo-os de viajarem e confiscando os seus bens e congelando as suas contas bancárias. Tem que ser a doer, caso contrário voltará tudo como dantes.

O que pode ser feito para mudar o rumo que a Guiné-Bissau está a tomar?

A Guiné-Bissau tornou-se num atoleiro. É um país onde reina a anarquia. Defendo a presença de uma força internacional com mandato do Conselho de Segurança das Nações Unidas. A Guiné-Bissau devia tornar-se, a exemplo de Timor, um protectorado da ONU durante 10 anos. Só assim se estancará essa orgia de violência. Defendo também julgamentos em tribunais internacionais de todos os que têm mão nos sucessivos crimes de sangue e de tráfico. Todos sem excepção.