segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Cabo Verde recusa comentar acusações de chefe do Estado-Maior da Guiné-Bissau

O governo de Cabo Verde recusou comentar as acusações do chefe do Estado-Maior das Forças da Guiné-Bissau, António Indjai, segundo as quais as autoridades cabo-verdianas assassinaram uma cidadã bissau-guineense.

Praia - O governo de Cabo Verde recusou,  comentar as acusações do chefe do Estado-Maior das Forças da Guiné-Bissau, António Indjai, segundo as quais as autoridades cabo-verdianas assassinaram uma cidadã bissau-guineense expulsa do arquipélago após cumprir pena por tráfico de droga.

As acusações feitas quinta-feira em Bissau pelo líder do golpe de Estado de abril do ano passado, que derrubou o Governo constitucional da Guiné-Bissau, foram amplamente divulgadas pelos médias do arquipélago, mas as autoridades cabo-verdianas preferiram ignorar as afirmações de António Indjai.

Instada pela Rádio de Cabo Verde (RCV) a pronunciar-se sobre as acusações do chefe das Forças Armadas da Guiné-Bissau, a ministra cabo-verdiana da Administração Interna, Marisa Morais, negou tecer quaisquer comentários a respeito.

"A senhora que foi acusada de tráfico de droga em Cabo Verde, que dizem que deportaram para Bissau, na verdade foi assassinada. Mas, ninguém das nossas autoridades quis perguntar os verdadeiros contornos deste caso", acusou António Indjai na abertura da primeira conferência dos Serviços de Informação do Estado (SIE), que decorreu em Bissau e que juntou mais de 100 agentes da "secreta" guineense e da contra-inteligência militar.

Segundo o líder militar da Guiné-Bissau, os agentes cabo-verdianos deviam ser levados à justiça para serem julgados mas, "mais uma vez deixámos escapar Cabo Verde".

António Indjai disse não ter gostado do facto de as autoridades judiciais do seu país terem  decido a libertação de dois agentes da Polícia Nacional cabo-verdiana depois de 18 dias de detenção em Bissau, sob suspeita de "espionagem", mas sem acusação formada.

"Não só violaram as nossas fronteiras como a rapariga que disseram que trouxeram não foi vista. Ela foi morta", acusou.

Dirigindo-se ao Procurador-Geral da Republica, Abdu Mané, que também estava na mesa de honra de abertura da conferência, António Indjai disse que não compreendeu a decisão judicial que levou à libertação ddos agentes cabo-verdianos.

A cidadã bissau-guineense Enide Gama foi deportada para o seu país acompanhada pelos dois agentes do Serviço de Fronteira da PN que, no dia 12 de Julho, quando encetavam a viagem de regresso a Cabo Verde, foram detidos pelos Serviços de Informações e Segurança da Guiné-Bissau na sala de embarque do Aeroporto Internacional de Bissau.

Na altura foi noticiado que os militares estavam a exercer pressão junto das autoridades judiciais para que os agentes cabo-verdianos fossem transferidos das instalações da Polícia Judiciária em Bissau para uma prisão militar a fim de serem julgados por crime contra a segurança interna e externa da Guiné-Bissau.

Os dois agentes cabo-verdianos - Júlio Centeio Gomes e Mário Brito - apenas foram libertados e autorizados a regressar a Cabo Verde no dia 30 de julho depois das intervenções do Governo  e de outras instituições públicas e privadas cabo-verdianas junto das autoridades da Guiné-Bissau.

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