domingo, 4 de agosto de 2013

Campanha para aleitamento materno

  Mansoa, Guiné-Bissau - De aldeia em aldeia, uma campanha atravessa a Guiné-Bissau para avisar que o aleitamento materno pode salvar muitas crianças num país que tem uma das mais elevadas taxas de mortalidade infantil do mundo. 
  

Numa luta pela vida, Serem Dabo, 32 anos, sabe de cor e salteado as regras que aprendeu no centro de saúde da tabanca (aldeia) de Gã-Mamudo, Mansoa, a 50 quilómetros da capital, Bissau. 

  
As mães devem dar "apenas leite materno" aos bebés nos primeiros seis meses de vida e "só depois" introduzir outros alimentos, explica à agência Lusa enquanto ajeita ao colo a filha Nhalim, 16 meses. 

  
O leite materno serve como primeira imunização do bebé e adia os riscos associados ao consumo de alimentos e água, por vezes contaminada, mas que por tradição eram introduzidos logo nos primeiros meses de vida. 

  
Nhalim seguiu a nova receita e o bebé está "dreto", palavra em crioulo que significa que está bem e não teve problemas de saúde que já afectaram outras crianças da aldeia, como diarreias, otites e problemas respiratórios. 

  
Estima-se que a taxa de mortalidade até aos cinco anos seja de 161 crianças por mil, segundo dados divulgados no último ano pelas Nações Unidas. 

  
Segundo os últimos dados do Banco Mundial, cada mulher da Guiné-Bissau tem em média cinco filhos pelo que toda a informação é bem-vinda para ajudar a cuidar deles. 

  
Serem Dabo é agora uma das mães que aconselha outras progenitoras, num processo de passa a palavra que as autoridades de saúde acreditam estar na base do aumento da taxa de aleitamento materno na Guiné-Bissau. 

  
Um inquérito realizado em finais de 2012 mostra que 67 por cento das crianças com menos de seis meses são amamentadas exclusivamente com peito, destaca a agência das Nações Unidas para apoio a crianças (UNICEF). 

  
O objectivo "é chegar aos 100 por cento", refere Amélia do Carmo, Diretora-regional adjunta de Saúde, ao lado das mulheres de Gã-Mamudo. 

  
    "Ainda há alguma resistência, mas pouco a pouco vamos atingindo o objectivo", sublinha a responsável à agência Lusa.


  
Sãozinha Fernandes, directora nacional interina do Serviço de Nutrição, aponta a região leste do país como aquela onde está a ser mais difícil implementar o hábito do aleitamento, "devido à cultura e a mitos" que levam ao perpetuar de tradições. 

  
No entanto, desde 2012 houve uma "mudança de estratégia" nas campanhas de sensibilização. 

  
    "Agora saímos ao encontro da comunidade", refere, acreditando que os resultados na saúde das crianças são visíveis, sobretudo graças ao envolvimento das mães na divulgação feita em cada tabanca (aldeia). 

  
As acções de sensibilização amplificam durante todo o ano as mensagens divulgadas durante a Semana Mundial da Amamentação, promovida pela UNICEF de 1 a 7 de agosto. 

  
De acordo com a organização, as crianças que são amamentadas exclusivamente durante os primeiros seis meses de vida têm 14 vezes mais probabilidade de sobreviver do que crianças não-amamentadas.  
  

Iniciando a amamentação "no primeiro dia após o nascimento", cada mãe "pode reduzir até 45 por cento o risco de morte de recém-nascidos", acrescenta. 
 

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