sexta-feira, 24 de abril de 2015

Vida "em vias de extinção" dos Bijagós retratada num documentário em estreia na Guiné-Bissau

O modo de vida "em vias de extinção" dos Bijagós, povo do arquipélago de 88 ilhas e ilhéus da Guiné-Bissau, está retratado numa série de quatro documentários em estreia na capital guineense.
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"No Reino Secreto dos Bijagós: Escultores dos Espíritos" estão a  ser exibido no Centro Cultural Português, numa sessão em que participam os produtores e realizadores Luís Correia e Noémie Mendelle, da LX Filmes.

Junta-se ainda à exibição e debate com o público o produtor associado Sana Na Nhada.

Os Bijagós "têm uma forma de olhar a natureza pouco comum, em que há consciência de que tudo está interligado e o homem não está acima do resto", referiu Luís Correia à agência Lusa, ao explicar a abordagem ao tema.

"Por isso é tão complicado cortar uma árvore: eles sabem que isso tem consequências", acrescentou.

Este é o "pano de fundo: um modo de vida em extinção", porque "aquilo a que se chama desenvolvimento está a fazer com que os jovens estejam a abandonar as tradições".

Na prática, "é como tirar uma peça de uma construção em blocos e tudo implodir".

O primeiro documentário (estreado em setembro de 2014, em Lisboa) é dedicado ao lado espiritual, "à relação mágica com a natureza" e pela frente está mais um ano de filmagens para produzir os restantes três filmes que completam a série.

O seguinte será dedicado à relação dos Bijagós com as plantas e o mundo vegetal, o terceiro documentário vai retratar a influência da modernidade, enquanto o último estará centrado na conservação da natureza e biodiversidade.

A série é uma coprodução da LX Filmes e do programa Próximo Futuro, da Fundação Calouste Gulbenkian, e tem ganhado diversos apoios e parceiros à medida que tem sido divulgado.

O arquipélago dos Bijagós, que inclui ilhas a pouco mais de dois quilómetros do continente, como a antiga capital Bolama, e outras a mais de cem, está classificado pela UNESCO como reserva da Biosfera - onde se procura conciliar a biodiversidade rica com desenvolvimento sustentável.

A valorização dos recursos naturais, por exemplo, com fins de ecoturismo, é uma das apostas do Governo guineense, eleito em 2014.

LFO // VM

Lusa

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